Acordo. Vejo as notícias. 43 mortos. Assim. Reflito um pouco e recordo. Porque é que isto é uma rotina anual, infernal e que ceifa tantas vidas?
Os decisores políticos e os órgãos de comunicação social têm prestado (no geral) um péssimo serviço aos cidadãos. Sejam os do interior abandonado ou do litoral desordenado. Falham na competência e na honestidade em abordar a coisa. Os políticos em geral não sabem o que fazer com esta bomba relógio. Os jornalistas na sua maioria aparecem quando há muitos mortos e desgraças para contar.
Isto é apenas um sinal dos tempos que vivemos em que nada é pensado de forma estruturada. O negócio da madeira queimada, o negócio da construção em áreas convertidas em urbanizáveis (após incêndios) e o negócio do eucalipto cuja regulação nunca há-de ser suficiente, entre outros, são evidências que há muito deveriam ter sido tratadas com honestidade intelectual por parte de governantes e outros agentes implicados no problema. Mas não são. São abordadas com mediocridade e falta de competência técnica, científica e profissional!
O território fora das cidades é ignorado há demasiado tempo e deixou de ser uma preocupação de todos os que dele beneficiam. As pessoas não têm culpa dessa atitude porque não lhes explicam a importância do equilíbrio dos ecossistemas, do ordenamento da floresta e da gestão do sistema solo. É preferível vender-lhes programas de degradação civilizacional pela televisão. Vende muito mais um programa do faz de conta do que falar dessa coisa das florestas…
Ainda nem ao verão chegamos e temos já o pior incêndio de que há memória no país. Esta é uma das maiores catástrofes a que assistimos nas últimas décadas. Nem nos armazéns do Chiado morreram tantas pessoas… O que vão os políticos fazer agora?
Vou desligar das notícias. Não trazem nada de novo. Espero apenas que o presidente da república dos afetos caia na real.