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Um veneno chamado Glifosato

Esta semana ficamos a saber que a UE aprovou irresponsavelmente a utilização na agricultura de um químico que provoca cancro, ou seja, um veneno!

Os adubos químicos de síntese estão a destruir o solo desde os anos 60. A destruição de microrganismos essenciais ao equilíbrio dos ecossistemas e à qualidade do ar e da água deveria há muito preocupar todos os agentes envolvidos. O negócio à volta disto é enorme e não é por acaso que move parte da economia mundial.

Admitir que o uso de veneno é legal traduz uma enorme aberração cívica e que contraria toda a lógica de sustentabilidade a que hipocritamente a UE se sujeita. O futuro dos nossos filhos e netos pode estar seriamente afetado pela reação sistémica que toda esta avalanche poluidora (que leva já mais de 50 anos) está a provocar. O crescente efeito de estufa, os gases nocivos libertos para a atmosfera, a ingestão de metais pesados através dos alimentos produzidos em agricultura intensiva, são os maiores flagelos dos próximos anos.

A indústria agroalimentar e a indústria química não promovem a saúde alimentar e controlam estruturas governativas e económicas de vários países. Toda a dinâmica gerada pela produção em modo biológico tem provocado a discussão de várias questões e tem alertado os consumidores para o flagelo provocado pela composição química sintética dos alimentos e sobretudo para o consumo de produtos sintetizados.

Porém, não deixa de ser inacreditável que a indústria química queira patentear tudo o que são sementes biológicas e transformar assim este negócio num terrível cartel. Hoje em dia cerca de 95% das sementes agrícolas utilizadas em Portugal têm origem química e não são biológicas. Um verdadeiro escândalo que a própria UE não sabe enfrentar.

As limitações na produção são inerentes a determinantes de natureza meteorológica, aos terrenos e locais de cultivo e às espécies de plantas, porta-enxertos e variedades/cultivares. Não podemos produzir o mesmo em todos os locais e na mesma região. Ou seja, a aberração da monocultura radical abandonou práticas e técnicas agrícolas fundamentais que encaminharam os produtores (maioritariamente desinformados e enganados por técnicos comerciais) para uma produção intensiva baseada em químicos e fertilização do solo destrutiva dos ecossistemas.

A eliminação de pragas, doenças e infestantes pode ser feita sem recurso a pesticidas, herbicidas, fungicidas, acaricidas e outros de origem sintética. A rotação e consociação de culturas, as culturas de cobertura, a fertilização orgânica, a adubação verde, a gestão da competição por nutrientes no solo, entre outras práticas, são elementos que permitem hoje ver já muitas explorações em modo de produção biológico (certificadas) a produzirem com sucesso e a exportarem em força para os países nórdicos.

Há várias empresas nacionais a demonstrarem enorme viabilidade nesta área, sem recurso a práticas cegas de adubação química. Todavia, uma quantidade apreciável de produtos fitofarmacêuticos estão homologados para a agricultura biológica, como último recurso para combater os inimigos das culturas, sem impacto no ambiente e sobretudo na segurança alimentar.

É por isso que as políticas nacionais e europeias para a agricultura são determinantes para um modelo de desenvolvimento mais amplo. No caso da agricultura (setor estratégico para o país e para o mundo) urge fazer a verdadeira transformação política, defendendo realmente a saúde das pessoas e o meio ambiente.

Sem isto não há economia que resista!

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