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Sondagem

O Diário As Beiras publicou ontem uma sondagem sobre as Autárquicas em Coimbra. A opção editorial, muito discutível, mas legítima, foi a de considerar que a oposição se ESGOTA nos partidos e organizações que estão no ATUAL executivo municipal. A CDU foi excluída dessa sondagem, apesar de ter um vereador eleito, aparentemente porque esse vereador tem pelouros atribuídos. Portanto, aparentemente, a oposição está reduzida ao PSD/CDS e à CpC, e esta sondagem procurava responder à “enorme expectativa” criada na cidade sobre quem seria o melhor candidato para encabeçar as respetivas listas. Foram também (sintomáticamente) excluídas quaisquer outras possibilidades não enquadradas no PSD/CDS e na CpC.

Não vou discutir ou comentar a sondagem, a sua oportunidade e muito menos as opções editoriais. Limito-me a olhar para os resultados e a fazer considerações como cidadão interessado em Coimbra e que não se conforma com o seu crescente imobilismo e insignificância nacional.

Sobre a sondagem:

1) É uma sondagem significativa, dado o elevado número de entrevistas validadas: 800 entrevistas validadas para cerca de 128 mil votantes.

2) Segundo Paulo Marques, que assina a notícia, os nomes dos potenciais candidatos que constam da sondagem em apreço decorrem “de uma escolha editorial do jornal e tem como base as informações recolhidas, em dezembro, sobre as possíveis escolhas de PSD e de CDS”;

3) A sondagem foi realizada pela G. Triplo Lda, uma empresa que desconheço, em colaboração com o ISCAC, sendo a responsabilidade técnica de Paulo Noguês. Estes factos são muito relevantes;

4) Entre os nomes do PSD selecionados, curiosamente, não aparece nenhum membro do atual executivo: por exemplo, João Paulo Barbosa de Melo, ex-Presidente de Câmara depois da saída em início de mandato de Carlos Encarnação, ou Paulo Leitão, vereador e Presidente da Concelhia do PSD de Coimbra. Aqueles que possam pensar que isso foi um erro de quem propôs os nomes na sondagem, percebe que não foi dada a reduzida expressão da opção “outro” (0,38%);

5) O melhor candidato, aquele que gera mais entusiasmo, é “Não Sabe/Não Responde” com quase 60% das intenções de voto;

6) A opção “outro” obtém 0,38% dos votos, o que parece significar que as opções desses partidos se esgotam nos nomes propostos na sondagem. Talvez isso mereça alguma reflexão da parte desses partidos, sobre a total ausência de quadros e sobre as razões das crescentes taxas de abstenção neste tipo de eleições;

7) Dos nomes propostos pelo PSD/CDS, não há nenhum militante do PSD de Coimbra que tenha uma intenção de voto superior à do militante do CDS Luís Providência. Esse é um resultado também muito significativo. Sei que Jaime Ramos é militante do PSD em Coimbra, mas, para todos os efeitos, vive, trabalha e foi Presidente da Câmara de Miranda do Corvo, onde certamente também ainda votará;

8) Dos nomes de Coimbra, propostos pelo PSD/CDS, destacam-se Margarida Mano (independente e deputada na AR do PSD) e Luís Providência (militante do CDS): destacar é uma maneira de dizer, porque as intenções de voto são todas muito baixas, nomeadamente quando comparadas com o enorme desinteresse que está bem refletido em quase 60% de respostas “Não Sabe/Não Responde”. Os outros nomes em destaque nesta sondagem são Álvaro Amaro (Guarda, militante do PSD, líder dos ASD e Presidente da Câmara da Guarda), há muito tempo em bicos de pés para ser candidato em Coimbra e Jaime Ramos (Miranda do Corvo, ex-Governador Civil).

Consequentemente, esta parece ser mais uma sondagem ao estado da oposição em Coimbra, à sua representatividade, do que uma sondagem de possíveis candidatos a Presidente da Câmara.

Espero que no futuro o debate seja colocado no perfil que os cidadãos de Coimbra querem para o seu Presidente de Câmara, aquilo que esperam que faça e quem na verdade querem que seja, que equipa querem que apresente, que atitude querem que tenha, independentemente do partido ou organização que represente. Espero também que Coimbra, e a comunicação social da cidade, coloque o foco na capacidade de escolher projetos que sejam capazes de um futuro para a cidade/região, a médio e longo prazo, afastando-se das siglas partidárias e das suas contabilidades eleitorais. Se vamos entrar no jogo dos partidos, na sua dança de candidatos, nas suas lógicas de pequeno grupo, onde vale tudo só para apresentar mais uma vitória na noite eleitoral (não interessa de onde venha o candidato), então esquecemos Coimbra, esquecemos o nosso compromisso efetivo para com a cidade, esquecemos a sua lenta mais contínua degradação e esquecemos aquilo que todos dizemos (seja qual for a nossa orientação ideológica): isto tem de parar, Coimbra pode ser muito mais, pode gerar emprego e atividade económica, pode ser referência cultural, pode ser exemplo de ligação universidade-indústria, pode atrair/fixar investidores e empreendedores, pode gerar múltiplas mais-valias, se se habituar a coordenar ações, e tem condições para liderar uma região.

A opção é nossa.

 

(Publicado no Diário As Beiras de 27 de Janeiro de 2017

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