Tenho Pedro Santana Lopes como um tipo inteligente e não o considero, de todo, de direita nem sequer da ala direita do PSD, aquela que muito facilmente se confunde com o CDS.
A verdade é que, por questões meramente eleitorais, o Pedro deixou que a sua candidatura, sobretudo pelos apoiantes que juntou à sua volta, mas também por um discurso exageradamente anti PS, ficasse perante os militantes e, pior que tudo, perante a opinião publica, com uma imagem de direita.
Porque “nós, Partido Social Democrata, não temos qualquer afinidade com as forças de direita, nós não somos nem seremos nunca uma força de direita”, o Pedro perdeu.
Para meu espanto, começo a concluir que o Pedro, na ânsia de agradar e captar os apoiantes de Pedro Passos Coelho se deixou contaminar pelo que chamo “síndrome Passos” que fez dele, Pedro Passos Coelho, apesar de ter sido um razoável Primeiro Ministro (Bom nos primeiros 2 anos, a fazer o que tinha que ser feito, menos bom nos outros dois, por incapacidade de “dar a volta”) um dos piores se não mesmo o pior líder da oposição que o PSD já teve.
Vem isto a propósito, do Pedro manter a narrativa, que quer levar ao Congresso, da não aproximação ao PS. Já outro Pedro, o Duarte, (a marcar terreno para voos futuros) se mostrou preocupado, sugerindo que Rui Rio diga desde já que vai votar contra o próximo Orçamento de Estado.
Espero que Rui Rio não se deixe “levar” por estas narrativas e defina claramente uma estratégia (que tem que ter reflexos visíveis na equipa que vai escolher) de afirmação do PSD como alternativa, sem se esquecer que as eleições se ganham não à direita (além do CDS ser um aliado natural o voto útil é muito mais previsível desse lado) mas à esquerda, “roubando” votos ao PS.
Na verdade, quem em Portugal provoca a alternância no governo é uma faixa da classe média informada que vota PSD ou PS, mas muito dificilmente votará CDS. É para esse eleitorado que Rui Rio terá que dirigir o seu discurso, mas mais do que isso é a essa faixa informada da população que o PSD se tem que apresentar como uma alternativa credível, capaz de, consistentemente, proporcionar melhores condições de vida.
Não se consegue convencer ninguém, com políticas de “terra queimada”, anunciando demónios e holocaustos (que afinal revelaram a mesma credibilidade dos anúncios do fim do mundo, dos fanáticos) ou anunciando votos contra porque sim.
Concordo com Rui Rio, e espero que não seja só no discurso, quando diz que, sobre as grandes opções/reformas do regime, é preciso acabar com a “jogo” do concordo quando sou poder, discordo quando sou oposição.
Se souber passar a mensagem de que, como líder da oposição, é capaz de ir ao encontro de posições que o PS apenas defende quando é poder, estará a deixar António Costa sem chão e sobretudo a credibilizar-se como candidato a Primeiro Ministro.
E isto nada tem a ver com “Bloco Central”, muito menos com subserviência ao PS, isto é mostrar que é possível, dentro dos partidos, colocar o país e as pessoas à frente de estratégias gastas e desgastadas de manutenção do poder, que tanto mal têm feito à credibilidade dos partidos políticos e até da Democracia.
Isto é também, colocar em pratica o primeiro “mandamento” de Sá Carneiro: – “Primeiro o País, só depois o Partido!”
Tudo o resto são bandeirinhas.