Blogue Insónias

Sem amarras. Caminhar pelos próprios pés.

forca-de-vontade
Assisto com enorme tristeza ao folclore das candidaturas autárquicas, decididas em pequenos grupos das estruturas dos partidos e motivadas por lógicas de contabilidade partidária e ambições pessoais, e fico a pensar como é que todos não nos fartamos disto tudo – especialmente quando olhamos para o estado das nossas cidades – e insistimos em apoiar “receitas” que já demonstraram que não funcionam e não foram pensadas para resolver os problemas das várias comunidades.
 
Porque não nos atrevemos a caminhar pelos nossos próprios pés?

 
No caso da região onde vivo e trabalho, gostava que uma Coimbra irreverente, independente e empreendedora fosse capaz de gerar uma candidatura autárquica independente, com forte foco na cidadania, que tivesse como objetivo explorar as enormes potencialidades da região, criando as condições objetivas para atrair e fixar atividade económica produtiva e criadora de emprego, promover e desenvolver a atividade empreendedora resultante da atividade de I&D gerada na região, dinamizar a atividade cultural ligando-a a uma estratégia de projeção da região – com forte impacto na atração de visitantes-, melhorar as acessibilidades tornando a região muito mais fácil para trabalhar e visitar, delinear uma estratégia que permita desenvolver a atividade comercial devolvendo aos locais mais tradicionais, como a baixa da cidade, uma dinâmica que há muito desapareceu, mas também dinamizar novos espaços com o objetivo de gerar atividade noutras zonas da região, perceber a importância de certas áreas estratégicas da região e criar condições para que se desenvolvam e sejam, por si só, motores de desenvolvimento e atração de pessoas (caso da saúde e da universidade), e que perceba a importância de criar e melhorar as condições para a fixação de famílias, o que implica especial cuidado e dedicação à educação, aos serviços associados, aos transportes, aos espaços verdes e de diversão, à atividade desportiva e respetivos espaços, às atividades ao ar livre, às atividades culturais e lúdicas, etc.
 
Uma candidatura que fosse capaz de agregar os melhores esforços de um vasto conjunto de pessoas (de reconhecido mérito) ligadas às várias áreas da região, motivadas especialmente pelo interesse em pensar, planear e construir o futuro a médio e longo-prazo, mas também de reunir a equipa capaz de realizar tudo aquilo a que se propôs. Estamos a falar de liderança e capacidade de realização.
 
Era importante que todos tomássemos consciência de que as estruturas autárquicas servem essencialmente para realizar este tipo de objetivos, os quais nunca devem ser confundidos com outros de natureza política-partidária, ideológica, de estratégia pessoal ou de pequenos grupos. Percebendo isso, seriamos capazes de identificar, sem nenhum tipo de amarra (chama-se a isso ser livre), as propostas que melhor servem a região, bem como os “enganos” que muitos nos tentarão apresentar.
 
Fica o meu desejo, algo idealista e algo impossível. Gosto muito de desejar o que é aparentemente impossível. Porque a sua realização depende da nossa determinação como comunidade, porque lá a concorrência é muito menor e porque é lá também que os objetivos a que nos propomos podem ser cabalmente cumpridos 🙂
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