Reclamar é arte, e desta arte com roteiro, estilo, tendências, nuances existem os que apenas copiam a reclamação alheia como um cover. Sacro ofício dos críticos literários, de música e dos rabugentos do existir. Assim reclamar pode ter erudição se for bem construído ou ser apenas o velho resmungo, entre dentes, um rosnado.
Há um tempo atrás ouvi uma jovem mulher reclamando de sua existência. Tudo na sua vida era chato: trabalho, família, amigos, saídas, a rua, as pessoas, as coisas, o cinema, os filhos da amiga, a sua mãe, os paqueras e pretendentes. Tom de desanimo com cinza. Evento transparente do tédio urbano, da plastificação do espírito, da falta de alma que foi escondida em um árduo trabalho de anos.Mas o que é ter graça? Todo universo é chato nada nem ninguém presta?
O reclamador oficial faz isto com sua existência. Pensando muito, no racionalismo contundente, se torna crítico com tudo e todos querendo explicações para as minúcias da vida. Como nem tudo tem um por que o resultado é a chatice estendida aos recantos da vida. Sorriso só se for npago sem taxa de juros. O racionalismo ligado a um complexo destrutivo na personalidade se apodera da alegria, detona o sentido de vida desconstruindo, sempre em um processo neurótico, ressaltando defeitos e impossibilidades, encontrando uma “manchinha” na obra de arte renomada. Uma atitude Senex de um eterno adolescente que para não ter e viver responsabilidade e compromissos não faz vínculos, não cria, não vive retroalimentando o ciclo vicioso no qual nada tem graça, sempre reclamando, as pessoas são problemáticas e estranhas, tudo e todos tem defeitos e nisto o isolamento vira regra de existir. Reclamar assim é um escudo, um campo de força que com o tempo proíbe o reclamador de viver com alegria. E nada presta, nem profissão, trabalho, projetos de futuro.
Diariamente encontramos este tipo criando regras e tratados existenciais nas redes sociais. Resmungar dores no facebook é um pequeno exemplo. Os especialistas em detonar e criticar, vivendo presos a telinha, sem viver, falando mal de tudo e todos mas sem oferecer ao mundo uma linha positiva. Conhece alguém assim leitor? Este é o tipo de pessoa infeliz que tudo justifica, e não sai do lugar, o ser de plástico, da alma de fotocópia, de um tipinho mal encarado e que como plágio nada vira. Resultado ser amargo , triste, isolado e sem realizações. Que tal mudar esta trajetória?