A reaproximação entre Cuba e os EUA resulta sobretudo de motivações económicas e não de qualquer vontade política e institucional de ambas as partes. Cuba necessita desesperadamente de divisas, em virtude do seu maior parceiro económico- a Venezuela- se encontrar numa situação de pré-falência e os restantes países latino americanos, como a Bolívia, estarem a atravessar uma grave crise económica, o que obriga Raul Castro a apontar baterias para o único país capaz de suplantar estas perdas. Por seu lado, os EUA pretende, a pretexto da defesa de valores como a democracia ou a liberdade de expressão apropriar-se da economia cubana. Curiosamente, apesar da preocupação com valores democráticos ou associados à democracia, as primeiras exigências norte-americanas em relação a Cuba estiveram sobretudo relacionadas com a privatização do lucrativo sector das telecomunicações, dos quais os maiores candidatos são grandes multinacionais dos EUA. Este será muito provavelmente, o argumento através do qual Obama irá “comprar” o apoio dos republicanos no senado, com base na melhoria das relações económicas e com as novas oportunidades para as exportações americanas. Já para não falar, no lucrativo negócio turístico, que será muito provavelmente dominado, a breve trecho, pelas empresas americanas. Quanto a Cuba, as reivindicações prendem-se com maiores facilidades no acesso às remessas dos emigrantes e turistas americanos, de forma a aliviar as graves necessidades de dólares que permitem sustentar o governo de Raul Castro. A troca de um ou outra concessão, Cuba deverá exigir ainda outras compensações sobre a forma de donativos, ajudas financeiras e sobretudo tratamento especial para o fornecimento de petróleo. Como se pode, facilmente verificar, a pretexto da defesa de questões e valores democráticos, desenvolvem se jogos de interesse eminentemente económicos, que visam alargar os horizontes das empresas americanas e assegurar a sobrevivência de um regime ditatorial falido.
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