O Partido Social Democrata é um partido fundamental para a democracia.
A política é um pouco como o futebol, a defesa dos interesses de cada um sobrepõe-se, não é de hoje, como no futebol, aos verdadeiros interesses, ao verdadeiro interesse: o bem comum.
É um erro que dura há quarenta anos.
As concepções e diferentes ideias e ideais deviam existir na arena para alargar o debate construtivo, num único caminho, o bem comum.
Era o país ideal, eu sei, sou um “D.Quixote”, a esquerda e a direita em comunhão política, para bem de um país inteiro.
Era o fim do descrédito, da desconfiança nos políticos, nos partidos políticos.
O país ideal.
Ele existe, na Europa, é verdade, existem vários (poupo o caro/a leitor/a à lista) países ideais.
Argumentam os tribunos que é uma questão cultural e sociológica, entre outras, essa coisa da “Coisa Pública”.
Pois, eu acredito que, em 1974, quando Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão e Magalhães Mota fundaram o PPD, que só foi PSD um ano depois, acreditavam no país ideal. Como eu. Mas, eu ao pé deles sou vento que passa.
O PPD, mais tarde PSD, preocupava-se fundamentalmente com o desenvolvimento económico, com as mudanças sociais, culturais, assentavam aqui os pilares da promoção da democracia.
Foi o tempo que desorganizou a matriz.
É o tempo que se encarrega de a reorganizar.
Em contra ponto com o discurso da actual linha que governa o partido, começam a surgir vozes, algumas que anteriormente faziam parte dessa linha, que apontam outros caminhos, de aproximação ao outro lado da barricada.
Perante os factos não há argumentos.
O governo (não é uma geringonça, é um governo, tudo o resto limita-se a ser falta de respeito pela democracia e pela Constituição da República) baixou o desemprego, aprovou um OE, sem rectificativos, à primeira, com o aval da CE, vai atingir todos – ou praticamente todos – os objectivos e cumprir com todos os compromissos assumidos, arrisca-se a ficar na história por sair do procedimento de défice excessivo, prepara-se para apresentar os melhor números das últimas décadas, o mesmo governo que anunciou investimento estrangeiro, a curto-prazo, aumentou as pensões, atacou a sobretaxa.
São factos.
As novas vozes do PSD, quase nada PPD, reconhecem, porque são factos, que a mudança de rumo aponta para cima e não para baixo. As vozes da actual linha liderante não.
E, mesmo aqueles que ainda se mantêm fiéis ao actual líder (Maria Luis Albuquerque eclipsou-se), começam a ter dificuldades em argumentar, percebe-se nos trejeitos.
Podemos estar perante pequenos sinais que o PSD quer reencontrar o PPD, se o futuro próximo provar o contrário do que digo, ficam desde já as minhas desculpas.
Miguel Frasquilho, por exemplo, que não conheço pessoalmente, cruzei-me uma ou duas vezes com ele no ginásio, mas nunca trocámos uma palavra, foi nomeado para a presidência do AICEP, de onde sairá, a seu pedido, pelo actual líder do PSD.
É, portanto, uma voz insuspeita e experiente, em teoria.
Disse Miguel Frasquilho, em entrevista recente que “esta solução de governo já não afasta os investidores”.
Miguel Frasquilho, insuspeito, diz-se surpreendido com a reacção do mercado à solução de governo encontrada pelo primeiro ministro.
O antigo governante, agora, “observa os investidores mais tranquilizados”.
Juntemos a voz de Frasquilho a outras vozes que se ouvem cada vez mais, nesta direcção e, será pelo menos legítimo pensar que o PSD anda de facto à procura do PPD.
É que, perante factos (destes), não há argumentos (que se levem a sério).
É que, como pensavam os fundadores do PPD/PSD, o país perfeito pode existir.
Ou não!