Nos últimos dias, foram publicadas várias noticias alertando para o crescimento da divida pública nacional tornando-se uma das mais elevadas da zona euro (em função da riqueza criada). Porém, este aumento esteve associado a uma medida de antecipação do pagamento de parte do empréstimo ao FMI, beneficiando das condições particularmente favoráveis dos mercados financeiros.
De facto, o mais preocupante não é o montante global da divida nem a própria tendência de subida permanente ao longo dos últimos anos, sobretudo se tivermos em linha de conta que nos encontramos num período deflacionário. Assim sendo, as finanças públicas e a solvabilidade de um Estado está muito mais dependentes do montante do serviço de divida de curto prazo e da quantidade desta que se encontra em posse de investidores estrangeiros. Repare-se que Portugal possui, em função do PIB, necessidades de financiamento liquido extremamente elevadas nos próximos anos, constituindo um dos mais altos da Europa. Qualquer alteração nos mercados financeiros podem nos deixar particularmente vulneráveis e sujeitos a um resgate internacional. Seria bem mais importante prestar atenção a estas questões, do que propriamente ao volume total de endividamento. Mesmo os países que pediram resgates ao FMI, nos últimos 50 anos, registavam um montante de divida relativamente baixo em percentagem do PIB, embora o serviço de curto prazo, geralmente denominado em moeda estrangeira constituísse o principal motivo para os seus problemas financeiros. Desta forma, cabe ao governo proceder à suavização dos picos de pagamento dos juros e criar uma espécie de fundo soberano de emergência, que cubra as necessidades financeiras líquidas de pelo menos 6 meses a 1 ano.