A telenovela que foi criada com os vários episódios em torno dos Panamá Papers tem trazido à superfície vários problemas com que a sociedade, dita moderna, se tem deparado.
O jornalismo de vão de escada que lidera hoje as audiências mistura tudo e trata os offshores como se fossem todos iguais. São todos criminosos face à opinião publicada. Ponto. Misturam os que usam os offshores para “lavar” dinheiro de operações ilícitas (e isto é por si só um crime grave), com os que usam legalmente empresas em Paraísos Fiscais e chegam mesmo a meter na mesma “gamela” os que têm offshores declarados e que desta forma pagam os seus impostos no seu país…
Mas o que me leva a escrever hoje não é o julgamento sobre a ética, a moralidade ou mesmo a legalidade (ou falta dela) dos offshores. O que motiva esta prosa é refletir sobre a necessidade que o sistema tem em se movimentar em Paraísos Fiscais. Porque é que hoje se usa tanto este estratagema?
Vivemos hoje numa sociedade gananciosa, egoísta, sem controle, sem regulação e onde os “Donos Disto Tudo” não são minimamente responsabilizados nem chamados a prestar contas. É neste contexto que as sociedades de hoje se tornaram, cada vez mais serventes de um Estado Gigante, em que este mesmo Estado tem como solução sistemática para resolver os seus graves problemas apenas uma: AUMENTAR IMPOSTOS!
É esta brutal carga fiscal que existe em Portugal, e na maioria dos Países do Mundo, que está na origem da necessidade de existirem os Paraísos Fiscais.
A discussão para acabar com estes bordeis financeiros, deveria ser em torno da redução de impostos e no término da economia paralela. Se este desígnio fosse alcançado os Paraísos Fiscais terminariam ou teriam uma escala irrelevante.
A problemática sobre a redução de impostos e o fim da economia paralela deviam estar sempre de mãos dadas e olhadas de frente pelos vários estados soberanos. Este sim deveria ser um desígnio, nomeadamente da União Europeia. Acabem com os tecnocratas de Bruxelas e comecem a ter pessoas generosas e competentes, que consigam uma nova agenda e que se interessem de facto com o bem comum e em resolver os problemas sérios que afetam direta ou indiretamente todos os cidadãos de uma Europa cada vez mais desequilibrada.
Esta discussão em torno da redução de impostos e da economia paralela não pode ser uma utopia. As soluções existem, são conhecidas e algumas delas estão mesmo estudadas.
A solução que preconizo é simples e já deu origem a alguns estudos sobre a matéria. Eu próprio tenho vindo a refletir sobre o assunto e cada vez mais estou convicto que a solução para grande parte destes problemas passa por acabar fisicamente com o Dinheiro! Simples!
Se acabarmos fisicamente com o Dinheiro e se todas as transações financeiras forem registadas, o nosso extrato bancário passará a ser a nossa declaração de impostos. É simples, é barato e dá milhões!
Claro que para explicar melhor esta ideia necessitaria de escrever muito mais. Mas fiquem apenas com este princípio para um ponto de partida.
É este o outro lado dos Panamá Papers que também interessa discutir… Os Paraísos Fiscais também se combatem com medidas concretas que levem à redução brutal das carga fiscal.
No entanto, para que esta ou outra ideia avance, é necessária uma grande dose de coragem, determinação e certamente muita convicção. Só desta forma serão implementadas as verdadeiras medidas que levarão à redução da economia paralela e consequente redução de impostos.
É esta a coragem que se exige aos futuros líderes, já que os atuais deram provas da sua incapacidade de trazer uma nova agenda à vida pública.