Há cinco coisas que me parecem evidentes no que toca às autárquicas no concelho de Lisboa.
Primeira é que o PSD não só não tem candidato como provavelmente nem ideia tem de quem possa ser depois da renúncia, compreensível, de Pedro Santana Lopes.
Segunda é que alguns dos notáveis que mais tem criticado Passos Coelho estão a usar, de várias formas e feitos, este problema para minarem a liderança do partido e prepararem o caminho para eventuais candidaturas à presidência do partido.
Terceira é que nenhum desses notáveis é solução para o problema do candidato a Lisboa porque na sua maioria fogem de ir a votos com a própria cara como o diabo foge da cruz.!
Quarta é que um apoio do PSD a Assunção Cristas encerra riscos vários sendo que um dos maiores é que o tempo para esse apoio ser dado sem o PSD perder a face …já passou.
Quinta é que raia o absurdo pensar-se (e então sugerir-se publicamente nem se fala…) que Passos Coelho deve ser o candidato a Lisboa porque o líder do PSD é candidato a primeiro-ministro e não a presidente de câmara por muito que isso agradasse aqueles que em nada o querem ajudar.
Postas as coisas desta forma, e como não me parece que Passos Coelho tenha o gesto clarificador de convidar os críticos a assumirem a candidatura (especialmente um que adora dar palpites televisivos sobre uma câmara que ele próprio deu ao PS e a António Costa em 2007), resta ao PSD ter a sapiência e o “savoir faire” de encontrar uma personalidade independente ou militante que pela sua abrangência e capacidade de ir buscar votos fora do universo eleitoral “laranja” garanta ao partido a possibilidade real de vencer a eleição.
Na certeza de que o tempo para encontrar essa personalidade não é muito e a partir de 1 de Janeiro começará a correr de forma frenética o que em boa verdade não ajuda muito a uma escolha que ainda não está feita.
É o problema de um partido a quem não faltam notáveis militantes sempre disponíveis para serem ministros e secretários de estado, deputados e eurodeputados, comentadores televisivos ou gestores de empresas públicas (incluindo a CGD) mas aos quais falta a coragem de irem a votos com a própria cara e mostrarem o que realmente valem perante o povo.