Dedo podre é quem gosta de andar mal acompanhado para não ficar só, quem gosta de viver de migalhas quando a temática envolve relacionamentos, é quem vive em um masoquismo, acreditando que amor é sofrimento . Dedo podre traduz a falta de amor próprio, a necessidade de sofrer para sentir-se vivo, o auto boicote advindo de péssimas escolhas afetivas.
Quase todo mundo com dedo podre acha o seguinte: “Um dia ela vai mudar”; “Comigo vai ser diferente”; “Ele me trata mal porque no fundo gosta de mim”; enfim, a pessoa, além de se boicotar, acaba bancando a cega, negando perceber os defeitos alheios, em um intenso processo de racionalismo no qual sempre tem uma desculpa, justificativa para suas ações e escolhas erradas ou sempre um álibi para quem o tortura. Será que isto traduz o que poderíamos chamar de gostar de sofrer?
A falta de amor próprio por vezes é tão interessante que muitos indivíduos acreditam piamente que só atraem parceiros errados por azar. Mais uma desculpa. Todavia o auto boicote enraizado no inconsciente afasta pessoas boas, parceiros ideais, o verdadeiro amor e o romance com final feliz.
Outra forma de viver com o dedo podre é o convívio intenso com quem não presta, com quem só faz asneira. Sabe aquele seu amigo que já capotou o carro oito vezes? Você vai deixá-lo dirigir seu carro? Vai pedir pro “chegado” totalmente enrolado com dívidas pra retirar o dinheiro em sua conta, lhe informando sua senha? Você vai realmente pedir conselho afetivo pra sua amiga encalhada que não dá certo com ninguém? Dedo podre é falta de consciência crítica aliada ao auto boicote, traduz a vida instintiva em armadilhas criadas pela própria pessoa, negando a si mesma uma vida tranquila.
Muitas pessoas, por não saberem falar não, por terem dificuldade em colocar limites, acabam criando armadilhas intensas na vida, sempre refletindo a falta de amor próprio e autocuidado. Pecando por omissão, por negligencia, por apatia frente à própria vida, depois de entrar em um problema por convívio negando ainda sua própria responsabilidade frente a sua ação errada, normalmente projetando no outro toda culpa por sua falta de amor próprio e auto boicote.
Lembrei de um rapaz indignado que conheci que reclamava da sorte na vida afetiva. Para ele toda mulher era ordinária. O mesmo rapaz só se sentia interessado em se envolver com prostitutas. Dizia que elas escolhiam essa vida por necessidade. Ele sempre era vítima de alguém que não presta, que o iludia e depois o detonava. Outro exemplo foi o citado no inicio deste artigo. Quantas mulheres são atraídas por este tipo que faz tão bem o estereotipo do milionário sem emprego ou o estilo Badboy de periferia?
Para mudar esse tipo de atitude é necessária uma reformulação de toda estrutura afetiva, começando pelo inconsciente. Um trabalho que exige esforço, mas que tem sua recompensa. O individuo deve primeiramente rever o que representa para ele sua forma de amar. Depois perceber sua estrutura interna de auto boicote e a reverter com a ajuda de um profissional.