Esta droga chamada televisão viciou gerações num apagamento cívico difícil de contrariar. As pessoas de hoje vivem de estímulos de curto prazo e não querem (porque não estão sequer preparadas) que as confrontem muito com o dia de amanhã. Ninguém quer discutir o médio prazo, quanto mais o longo prazo. O povo queixa-se com razão da atualidade mas sem razão alguma sobre a factualidade do que nos trouxe até aqui.
Eu que sou portista habituado a ver o meu clube ganhar tudo e perder alguma coisa, não entendo a surpresa de tantos adeptos perante esta crise dos últimos anos. É normal que os modelos se esgotem e que surjam ruturas e reformas nas estruturas dos clubes. O que não é normal é que se pense que um gestor desportivo ganhador é eterno e imbatível. É essa falta de bom senso e humildade que não entendo, nem aceito. Eu tenho total consciência e memória de tudo o que Pinto da Costa fez pelo Futebol Clube do Porto. Mas também tenho igual consciência e memória de tudo o que o Futebol Clube do Porto fez por Pinto da Costa. Não duvido que mais tarde ou mais cedo estaremos todos entendidos sobre esta matéria. Até lá, é importante assumir a rutura com um status quo que está a destruir o nosso clube. O Futebol Clube do Porto nunca se fez de uma pessoa. O culto da personalidade nunca foi a linguagem do nosso balneário.
Temos todos que rapidamente recuperar a memória da mística que nos tornou enormes por esse mundo fora. O Porto Nação e o Porto Clube conquistaram tudo o que há em disputa por esse mundo fora. Nunca ninguém admitiria esta hipótese sequer, nos longínquos anos do Estado Novo. Foi a alma do Porto Nação que encheu o Porto Clube nos finais do século XIX e nos trouxe até à atualidade. Ao longo desse percurso foram vários os momentos em que o Porto Clube encheu o Porto Nação e até a própria Nação. Não nos esqueçamos nunca disto. O Porto Clube é uma Nação e não uma personificação. O Porto Clube é a tradução perfeita da postura familiar do Porto Nação. Juntos somos invencíveis.
Bibó Porto, carago!