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Não li, mas voto contra

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Estreio-me no INSÓNIAS dedicando este artigo às Jovens Mulheres Sociais Democratas.

Este fim de semana realizou-se o congresso da JSD em que a única moção rejeitada tinha como título “Upgrade na democracia: reforçar a participação das mulheres na política para alcançar a igualdade.”

Quando soube disto pensei…se rejeitaram uma moção com este propósito é porque o assunto já está resolvido. Mesmo assim, decidi ler o documento e qual foi o meu espanto quando verifico que os números são bem piores do que podia imaginar – nos 41 anos da nossa democracia, foram nomeados 1609 homens vs 127 mulheres para funções governativas. Por exemplo, ministros tivemos 93,8% vs 6,2% de ministras. Nas autárquicas de 2013, elegemos 284 presidentes homens e apenas 24 mulheres. O recente conselho de Estado só tem uma mulher em 21 elementos.

A moção refere números de um sem fim de órgãos políticos (Conselho económico-social, Governo Regionais, Conselho Nacional da Juventude, Associação Nacional de Municípios, etc.) onde a situação é invariavelmente a mesma, ou seja, as mulheres estão muito pouco representadas nos órgãos políticos em Portugal, contrariamente ao que sucede em países mais desenvolvidos tais como a Suécia onde as mulheres ocupam 43,6% dos lugares do parlamento, a Finlândia 41,5% ou mesmo a nossa vizinha Espanha com 40%.

Esta reduzida participação das mulheres na vida politica, de acordo com a análise efetuada e muito bem fundamentada na moção, é muito preocupante pois é consequentemente extensível a outros níveis da administração pública, onde as mulheres ocupam apenas 31,4% dos quadros superiores.

Com este retrogrado panorama, a JSD de Barcelos, pretendia com esta proposta aumentar as oportunidades para as mulheres ocuparem cargos de poder, propondo um conjunto de medidas inovadoras tais como a criação de um conselho consultivo para a igualdade de género; incluir na agenda política um plano de igualdade de género; promover o uso da linguagem inclusiva em todos os comunicados; fazer uma revisão aos estatutos; organizar uma conferência/encontro anual que contasse com a presença de organizações não-governamentais e outras juventudes partidárias e por fim aplicar os critérios da Lei da Paridade nos processos eleitorais internos da JSD.

Jovens Mulheres Sociais Democratas, porque estou certo que votaram contra esta moção a pedido de algum homem, dedico-vos o documento recomendando-vos que nunca mais rejeitem nada sem lerem previamente.

Ler a moção aqui “Upgrade na democracia: reforçar a participação das mulheres na política para alcançar a igualdade.”

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