Olhando para o panorama nacional e internacional, para tudo o que se tem passado, da Conferência das Nações Unidas e da força que Marcelo tem feito para ver A. Guterres eleito – mesmo sabendo conscientemente que ele foi o primeiro coveiro da nossa terceira bancarrota – às loucuras económicas de uma deputada que se julga Ministra e que lidera um Partido bicéfalo que representa apenas 15% das intenções de voto portuguesas mas que no entanto manda no Executivo em funções –
ao facto de Passos e Costa se terem inicialmente entendido e posteriormente afastado nas posições quanto à reposição dos valores das subvenções dos Partidos que representam 4.5 milhões de euros – como a noticia de que Passos iria apresentar um livro que relata a devassa da vida privada de muitos cidadãos e cidadãs portuguesas sem, pelo visto, ter lido o referido livro, que afinal leu, que não ia recusar estar presente mas recusou – e culminando no facto de um antigo conselheiro nacional do PSD ter decidido ao fim de 25 anos de militância, desvincular-se do Partido por não concordar com o rumo e com a liderança o que lhe custou ter sido vilmente enxovalhado em todos ou quase todos os circuitos digitais – a juntar ao facto de não só os media como as instituições internacionais começarem a considerar uma quarta bancarrota em Portugal e o FMI vir dizer que pode não haver verba cá para o burgo, só podemos ficar deveras preocupados.
É do conhecimento público que não gosto do actual PR nem lhe reconheço competência, aliás, a forma ligeira como tem encarado o cargo e o facto de achar que pode comentar tudo em todos os momentos como se fosse o Papá de todos nós só reforça a minha ideia. Vê-lo a apoiar um individuo que devia estar preso por crime de Lesa Pátria lamento mas revolta-me e só me faz desejar que os próximos 4 anos e meio passem depressa e algo aconteça para que não se recandidate senão com sorte ainda volta a ganhar…
O caso do imposto “sobre a riqueza acumulada que não é poupança”, como se fossem realidades dissociáveis, só me faz perguntar quem é o painel que vai avaliar o Doutoramento desta criança. Se ela passa algo vai muito mal neste País. Dei-me ao trabalho de ouvir a entrevista onde ela foi “limpar a face” depois de ter sido ridicularizada no online, e bem porque só uma lunática faz este tipo de afirmações.
Da entrevista que segui atentamente retirei uma conclusão: os ricos, que na ideia dela não pagam impostos, devem sustentar os mais pobres porque eles só são pobres porque os ricos são muito ricos. Brilhante, não? Será a mesma coisa que dizer que a culpa de a filha ser negra é dos pais porque um é senegalês e outro ganês. É lógico, ou não? Num tom calmo e ponderado, quase de lágrima no canto do olho, a menina afirma que o aumento que variará entre €5 e €10 nas pensões mais baixas rondará os 200 milhões de euros e que isso será suportado pelo dito imposto. E acha ela que os ricos não vão mais depressa para fora do território ou desmarcam as propriedades?
Mas alguém lhe explica que só criando condições para que a Economia se desenvolva, permitindo a criação de empresas e apoiando a iniciativa privada se podem criar empregos e com um código de trabalho digno se podem manter esses mesmos postos de trabalho e assim gerar riqueza que pode ser distribuída de forma equilibrada consoante as funções e os estudos de cada um e não de forma igual porque as tarefas e as responsabilidades não são iguais para todos?
Alguém se importa de lhe explicar que as pessoas podem ter descontado uma vida inteira mas se descontaram pouco, não podem receber muito? É assim tão difícil de entender este raciocínio? Porque é que ela não se insurge contra as pensões vitalícias dos políticos ou as subvenções aos Partidos? – Isso parece que a companheira Catarina (com a sua imagem renovada e a sua voz doce) já fez. Ela que vá por aí e eu penso se poderei considerar aquela bola que ela tem em cima dos ombros com algo que se pareça com uma cabeça que eventualmente pode albergar um órgão fantástico chamado cérebro.
A menina que diz fazer parte de um grupo de trabalho na área das finanças afirma que esse grupo visava a definição dos princípios da medida mas quando questionada, responde na primeira pessoa como se a primeira-ministra fosse ela e estivesse a falar do que iria fazer. “Presunção e água-benta cada um toma (mesmo) a que quer” e agora parece que o líquido deve ser engarrafado para ser servido em copos de shot.
É no entanto tornado público entretanto um vídeo onde Passos Coelho há dois anos defende o mesmo princípio que entretanto abandona. Tê-lo-á feito porque percebeu que não seria viável? Porque é que a Oposição, da qual fazia parte a menina não insistiu na ideia na época? Isto faz-nos pensar que se calhar até concordam com algumas coisas mas a necessidade de protagonismo leva a que o neguem até estarem em posições que lhes permitam apresentar as ideias como suas. Ponham os olhos na Inglaterra e aprendam a fazer Oposição responsável onde as principais matérias estão à partida definidas e há negociação em todas as outras no sentido de se adoptar uma abordagem mais liberal ou mais conservadora mas sempre no sentido do crescimento e da evolução da Nação e nunca da sua regressão.
De barracada em barracada lá vai a Geringonça até não ser mais possível esconder a bancarrota que se avizinha mas até lá o povo anda feliz e contente porque ouve o que quer, ouve elementos ligados ao Governo afirmar que “vão taxar os ricos” e isso é o sonho provinciano de muitos portugueses, infelizmente pois não têm consciência que isso estimula a fraude, a evasão fiscal, a fuga aos impostos e afugenta o IDE – Investimento Directo Estrangeiro – de que tanto necessitamos. Como se resolve então a questão? Para além das medidas apontadas supra, com uma tabela de IRS assente em valores reais e com um compromisso social que permita mais iniciativa privada e um Estado mais amigo do investimento em vez de um Estado que inventa impostos para se auto-sustentar sem oferecer serviços mínimos de qualidade ou quaisquer garantias.
Ainda na política mas mudando um pouco a agulha, vejo voltar à ribalta a questão das subvenções aos Partidos. Meus caros, os militantes pagam quotas, vocês não pagam IMI dos prédios, façam contas e usem o que têm. Se isso significa menos viagens pelo País ou menos outdoors, paciência, nós é que não temos que vos sustentar com quotas e com o OE. Façam crowdfounding ou usem outros mecanismos porque eles existem. Observem o que faz o Podemos, em Espanha, por exemplo. Esta é mais uma das medidas que vem do anterior Executivo e que agora pode ser revertida. Quantas mais faltam? Quanto nos custará tudo isto?
Passos Coelho tem estado na berlinda por estes dias e com muita pena minha não pelos melhores motivos. O Arquitecto Saraiva que diz quem sabe tinha umas crónicas sui generis num jornal português resolveu escrever um livro. Hoje foi acusado de plágio. Como qualquer “bourjois” da nossa praça, o Sr. Arquitecto resolveu convidar varias personalidades para o prestigiar neste momento. Passos Coelho aceitou apresentar o livro, aparentemente sem o ler e o livro é, supostamente, sobre a devassa da vida privada contando episódios íntimos de figuras públicas cá do burgo, algumas até já falecidas. Entretanto, o lançamento é cancelado depois de Passos pedir – finalmente – escusa da dita apresentação e aparentemente depois de ler o dito livro.
Há aqui duas questões a reter: o actual Executivo em funções vai entrar numa fase de duras negociações para poder apresentar o OE2017, aquele que todos diziam vaticinaria a queda da Geringonça. Mariana e Catarina, devido ao seu vasto conhecimento em áreas tão pouco sensíveis como a Economia e o Património são enxovalhadas durante quase uma semana. Mas alguém duvidava que ia sobrar para Passos Coelho? Como é que é possível que este homem não se proteja? Como é possível que ele não tenha um assessor pessoal que o impeça de cometer estes erros? Cabe na cabeça de alguém que ele aceite um convite para apresentar um livro sem fazer ideia do seu conteúdo? Alguém o devia ter lido antes e lhe deveria ter dito se era aconselhável que o fizesse ou não. A menos que seja o próprio Partido a querer esturrica-lo antes das próximas eleições. Passos está, e compreensivelmente, cansado e desgastado. Eu também estaria se tivesse sido insultada durante 4 anos enquanto cumpria a missão de salvar o meu País e depois visse um bando de irresponsáveis gananciosos a darem cabo de todo o meu trabalho em meia dúzia de dias. Deve sentir-se como se sentiu Rui Rio com a perspectiva de Menezes ir para a CMP. Eu entendo, juro. Mas essa é mais uma razão para que ele pare, pense e reagrupe.
Volto a deixar o mesmo conselho que lhe agradecia muito que seguisse: limpe a casa e livre-se desses elementos cancerosos que o rodeiam. Lembre-se que a linha que separa a teimosia da burrice é muito ténue e se as pessoas falam e criticam é porque querem mais e melhor. Querem um Partido onde se revejam, à medida das suas ambições, que respeite a sua Carta de Princípios e seja uma alternativa credível de Governo.
Quando as pessoas batem com a porta como foi o caso do meu estimado Paulo, convém lembrarmo-nos que não custa a ninguém o que nos custa desvincular-nos de um ideal, de uma identidade que temos há tantos anos, que tantas vezes defendemos, por quem tantas vezes lutamos ferozmente só porque acreditamos que é melhor que as outras.
Usar estes momentos de corte para insultar as pessoas e duvidar dos seus motivos dá que pensar. Um Partido que se diz das massas, que se diz livre e dialogante não aceita vozes discordantes? Mas afinal somos militantes ou elementos de um rebanho? Esse é o grande mal que eu tenho constatado na maioria dos militantes e simpatizantes, passou-se agora com o Paulo e num momento anterior levou à eleição de Marcelo – os PSD são seguidistas, está a tornar-se em algo quase genético e isso tem tanto de mau como de perigoso.
Já por várias vezes afirmei que sou PPD e não me revejo no actual PSD, no seu funcionamento, no obscurantismo das suas estruturas, nos entraves ao crescimento dentro do Partido. Ele está manietado por uma corrente e só não vê quem não quer. Enquanto isso não mudar, é a isto que vamos assistir, a pessoas a atirar a toalha ao chão, a não se conseguir dialogar com as estruturas intermédias ou superiores, a sermos tratados apenas como “ carne para encher comícios e distribuir bandeiras e canetas”. O PSD tem gente de muito valor que tem sido afastada ou se tem afastado e se isso é bom para os pinheiros que querem secar e monopolizar a fonte de Poder, é mau para o Partido mas acima de tudo é péssimo para o País e este estado de coisas tem que mudar rapidamente.
O problema não está no Líder, e naquilo que é comummente definido como “ a deriva neoliberalista”. Também eu defendo que “ Menos Estado é mais Estado” e que “ O Estado deve ser gestor da Coisa Pública” em oposição ao “ Estado Pai e Patrão” que tão bem conhecemos, está antes na sua aparente incapacidade para “dar um murro na mesa” e correr com quem tem que correr independentemente do passado e quanto mais tarde isso acontecer, pior.
E é esta a triste realidade com que nos deparamos enquanto aguardamos pela tragi-comédia que será a apresentação do OE 2017. Muito tem que mudar em Portugal e o extremar de posições que este Executivo trouxe consigo pode deixar feridas profundas na sociedade portuguesa por isso vamos esperar que isto termine o mais depressa possível a ver se ainda vamos a tempo de “salvar a honra do Convento” pois Portugal merece bem mais e bem melhor.
Luisa Vaz
(A autora não utiliza o Acordo Ortográfico)