É publica a minha desconfiança pelos movimentos ditos independentes, e a prática recente só me tem dado razão.
Já nem falo do movimento/partido de Marinho Pinto e das convulsões que no “parto” deram origem a um “nado morto”, mas estou a lembrar-me por exemplo do MUC, ao qual cheguei a aderir e que se encontra em processo de extinção, vitima das patetices de uma Presidente da Direção, mais ou menos auto designada, e ainda mais recentemente do movimento Cidadãos por Coimbra (CpC), que vitima das tentações hegemónicas de tendências ideológico/partidárias internas, caminha a passos largos para uma representação residual na sociedade coimbrã.
Se refletirmos desapaixonadamente sobre as razões de todos estes finais comuns temos que chegar à conclusão que o “vírus” é também ele comum; isto é, tal como na química, os mesmos reagentes dão necessariamente os mesmos produtos da reação.
Os movimentos têm a sua génese em causas, mais ou menos nobres, mas que terão que ter grande aceitação da sociedade sob pena do movimento não ter razão de existir. O problema é que as causas, por muito grandes e nobres que possam ser, não existem por si, necessitam de pessoas para as defender, para erguer a bandeira, e, acreditar em pessoas que se dedicam às causas sem pensarem em primeiro lugar na sua “circunstancia” é mais ou menos como acreditar no Pai Natal.
São as circunstâncias das pessoas, sejam elas o seu ego do tamanho do mundo, ou os seus interesses, legítimos ou mesquinhos, mais ou menos inconfessáveis que com o tempo, muitas vezes curto, se transformam, tal mutação celular maligna, no “vírus” que infeta letalmente os movimentos.
O MUC, que tal como todos os movimentos criticava a mediocridade reinante nos partidos, ditos tradicionais, defendia como linha central, a “imposição” da meritocracia e da transparência na política cativando personalidades que, exatamente por não compactuarem com a “boyada” reinante nos partidos e nas nomeações para a administração publica se afastaram ou foram preteridos pelos partidos, onde são vistos de forma geral como intratáveis e não solidários, pois nos sítios por onde passaram “esqueceram” os “amigos” da cor.
Um movimento com esta “doutrina” apoiar a candidatura de Isaltino Morais, só num momento insano de quem tornou publico tal apoio.
Noticias falsas asseguram que Norberto Pires poderá ser o candidato à Presidência da Câmara de Coimbra nas listas do Cpc!
Poder até podia, mas não era a mesma coisa.
Quem conhece um pouco Norberto Pires sabe que nunca aceitaria ser apenas uma peça de uma qualquer “geringonça” de lógica partidária mais ou menos disfarçada. Leia-a-se a declaração de renuncia de Ferreira da Silva do lugar de vereador e certamente se concluirá que a “camisa” tecida pela recente “crise” do CpC não serve de todo a Norberto Pires,
Norberto Pires, ao contrário de qualquer dos candidatos já anunciados, tem sobre Coimbra, e o seu governo não só uma ideia mas um projeto bem definido, cujas linhas orientadoras foi publicando. Ele sabe para onde quer ir, por onde deve ir, de quem precisa para o acompanhar, mas a “evolução” do CpC, como aliás refere Ferreira da Silva, não foi no sentido da abertura necessária para abranger o leque de sensibilidades de que Norberto Pires não prescinde na sua equipa.
É pena, pois a “carta fundadora” do CpC, subscrevivel por qualquer pessoa que verdadeiramente ame Coimbra, o bom lugar de vereador da oposição de Ferreira da Silva (apesar da saída pela porta pequena), o projeto e a equipa aliados à capacidade criativa e realizadora de Norberto Pires, originavam um “ticket” suficientemente poderoso para aspirar a eleger 3 vereadores correndo o risco, dadas as candidaturas já anunciadas, de ganhar a eleição, criando uma dinâmica que iria mudar radicalmente, para melhor, a face de Coimbra.
Em vez disso será anunciado, fazendo fé nos jornais, pelo CpC um candidato comunista ortodoxo, com um programa marcadamente ideológico e hermético, que no contexto atual, para alem de risível, reduzirá a votação do CpC aos ideologicamente indefetíveis.