Ao longo das últimas 13 edições sempre foi pacífica a realização do Festival Marés Vivas em Vila Nova de Gaia.
Este ano a 14ª edição, que terá lugar nos dias 14, 15 e 16 de Julho, está envolta numa polémica que envolve o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, a Associação de Defesa do Ambiente Campo Aberto, a Quercus e o Movimento SOS Estuário do Douro devido à escolha do local, lado a lado com a Reserva Natural Local do Estuário do Douro, onde centenas de pássaros vivem, nidificam e descansam na sua migração.
Este delicado e polémico processo teve o seu início há vários meses quando a Quercus e investigadores das aves colocaram em causa a nova localização do Marés Vivas.
Tenho assistido lamentavelmente a este espectáculo triste que tem envolvido ambas as partes , mas reconheço que Eduardo Vítor Rodrigues não teve capacidade, nem sensibilidade política para gerir este delicado processo. Já dizia o nosso sábio povo que “ não é com vinagre que se caçam moscas “. Não é afrontando as instituições ambientalistas, neste tipo de processos, que se consegue levar as negociações a ” bom porto “.
Nos últimos dias as posições extremaram-se de tal forma que o líder do movimento SOS Estuário do Douro, Serafim Rien, anunciou que vai processar judicialmente o Presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, justificando esta acção com “ataques intoleráveis” a sua pessoa e à sua empresa, entretanto também a Quercus apresentou duas providências cautelares para suspender a realização do festival Marés Vivas no novo espaço escolhido junto do Estuário do Rio Douro.
Por sua vez, na semana passada, o presidente da câmara Municipal, Eduardo Vitor Rodrigues, invocou o interesse público para suspender providência cautelar interposta pela Quercus, sendo que ontem anunciou que vai exigir aos ambientalistas que paguem os prejuízos causados pelo atraso nas obras.
Chegados a este momento entendo que se colocam três questões importantes:
i) que interesse público existe na realização de um festival de música, ainda por cima levado a efeito, com a comparticipação de dinheiros públicos, mas realizado por uma empresa privada que visa com toda a certeza o lucro?
ii) porque o presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vitor Rodrigues, não providenciou atempadamente um espaço alternativo para a realização do Festival Marés Vivas?
iii) quanto vai custar a alteração da localização do Marés Vivas, à última hora, para os contribuintes de Vila Nova de Gaia?
Aguardo pelos esclarecimentos do presidente da Câmara Municipal de Gaia para todo este triste espectáculo que Gaia está a dar ao País quando penso que tudo isto poderia ter sido resolvido atempadamente, com equilíbrio e bom senso, atendendo a que este delicado processo eclodiu há vários meses atrás. Mas isto sou eu a pensar…