Marcelo Rebelo de Sousa passou a ser o candidato oficial do PS à presidência da República. O apoio de António Costa é coerente. O actual presidente da República foi o principal aliado da sua governação.
É muito provável que Rui Rio também apoie a recandidatura de Marcelo mas isso não significa o apoio dos militantes do PSD e o apoio do eleitorado do centro-direita.
Este cenário deixa órfão de uma candidatura presidencial um espaço político significativo.
O processo de decomposição que, nos últimos anos, sofreu o centro-direita reduziu significativamente os seus protagonistas com perfil presidenciável.
Hoje restam muito poucos nomes. Pedro Passos Coelho, Luís Filipe Menezes ou Marques Mendes. Todos antigos líderes do Partido Social Democrata mas que não parecem disponíveis para assumirem uma candidatura nas próximas eleições Presidenciais.
Nesta linha de perfil ainda existe a possibilidade do ex-primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, que até hoje não se pronunciou sobre as as próximas eleições Presidenciais.
Restam putativos candidatos de segunda linha. Luís Montenegro, Miguel Pinto Luz ou mesmo Paulo Portas.
Do ponto de vista estratégico as suas candidaturas fazem sentido de forma a manterem-se como reservas nas futuras lutas internas nos seus partidos.
Mas estas eleições trazem o “Factor Ventura” que pode ser uma surpresa. Nas últimas sondagens o CHEGA de André Ventura tem sedimentado as suas intenções de voto em eleições legislativas entre os 7% e os 8%.
As Presidenciais são eleições com um perfil muito diferente das Legislativas porque terminam com o acto eleitoral.
O receio e o medo do desconhecido que possa existir nos eleitores em relação a André Aventura não se coloca nas eleições Presidenciais.
Assim pode acontecer que Ventura beneficie do voto de protesto de muitos portugueses em relação ao actual regime. E os 8% que as sondagens atribuem agora ao CHEGA podem-se transformar em 15% ou 20 % de votos para André Ventura nas presidenciais.
É este fenómeno que, neste momento, está a fazer repensar as candidaturas de Montenegro, Pinto Luz ou Portas.
Um resultado inferior ao de André Ventura poderia liquidar para sempre os seus sonhos de liderarem os seus partidos.
Como poderia obrigar também a uma redefinição do espaço político do centro-direita.
Um resultado de André Ventura entre os 15% e os 20% poderá colocar o CHEGA como um partido que alteraria por completo o xadrez político do centro-direita.
Este cenário condenaria o CDS ao desaparecimento e o PSD num partido marginal no plano político português.
O que até nem poderia ser de todo mau. É notório que o centro-direita como está organizado e governado dificilmente terá condições para regressar ao poder nesta década.
Esta poderia ser uma oportunidade única para a reorganização política do centro-direita com novos protagonistas e um novo ideário.
Gestor de Empresas / Licenciado em Ciências Sociais – Área de Sociologia
(Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)