Marcelo anda feliz.
Entretido na “espuma” do mediatismo, na distribuição de afectos, na vertigem de tudo comentar, na celebração quase diária da amizade com António Costa e, claro, na cada vez mais perceptível obsessão em substituir a liderança do PSD o mais depressa possível.
E esta ultima leva-o a cometer erros de palmatória que não lhe ficam nada bem.
Ontem, no discurso da celebração do 1º de Dezembro, ele e o amigo Costa (mas desse em termos de sentido de Estado nada se espera) num momento que devia ser de exaltação da unidade do país não acharam melhor para fazer do que criticarem o anterior governo a propósito da abolição do feriado do 1º de Dezembro durante os quatro anos em que Passos Coelho governou.
E Marcelo, com o ar ladino que se lhe conhecia de outras andanças, não resistiu a dizer que ” o 1º de dezembro é o feriado que nunca devia ter sido suspenso”(sic).
Alto e para o baile.
O senhor Presidente da República sabe muito bem que fruto dos desmandos e incompetência do governo de Sócrates (por onde aliás andaram António Costa e boa parte dos governantes actuais) Portugal viu-se na necessidade de pedir ajuda externa, vulgo resgate, na sequência da qual o país teve de negociar com a troika um duro programa de assistência financeira.
E no acordo celebrado com a troika pelo governo de José Sócrates (sim, pelo governo de José Sócrates) estava contratualizada a abolição de quatro feriados.
Sendo dois civis e dois religiosos.
Ao governo de Passos Coelho apenas coube escolher quais os feriados a suspender.
Optou pelo 5 de Outubro (implantação da Republica) e pelo 1º de Dezembro (restauração da independência) entre as seis opções possíveis.
E é aqui que eu bem gostava de saber qual seria a opção alternativa do senhor Presidente da República, caso a decisão tivesse de ser tomada por ele, à que foi a opção do governo anterior.
Suspendia o feriado de 1 de Janeiro ? Pondo os portugueses a trabalhar no dia de Ano Novo?
Suspendia o feriado do 25 de Abril? Pondo os portugueses a trabalharem na data em que se festeja a revolução que nos trouxe a democracia e a liberdade?
Suspendia o feriado do 1º de Maio? Pondo os portugueses a trabalharem no “dia do Trabalhador” ?
Ou suspendia o feriado do 10 de Junho? Pondo os portugueses a trabalharem no dia de Portugal?
Creio que o anterior governo, posto perante as opções existentes e na obrigação de cumprir o acordado com as instituições internacionais, optou pela opções menos “traumáticas” em termos de sociedade portuguesa.
E o PR devia ter tido, mas não teve, a seriedade intelectual de o reconhecer!
Com todo o respeito devo dizer que gostava de ver o Presidente da República pensar mais e falar menos, reflectir com rigor sobre o que vai dizer e deixar de uma vez por todas práticas e hábitos que caracterizaram durante muitos anos a sua intervenção política.
Todos ganhavam com isso.
A começar por Portugal.
P.S. A palavra inscrita no guarda chuva,e que caracteriza os tempos presentes, ainda nos fará rir quando “os amanhas não cantarem”…
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