Blogue Insónias

INSÓNIAS AUTARQUICAS

A política sem risco é uma chatice e sem ética é uma vergonha!”

O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for”

Francisco Sá Carneiro

Paulo Júlio, ex-secretario de estado do governo de Passos Coelho, de quem não gosto particularmente, mas a quem dou obviamente o beneficio da duvida de ter aprendido com os erros, escreveu num jornal local um artigo sobre a escolha de candidatos às eleições autárquicas que subscrevo na totalidade.

Na verdade, a forma como os partidos têm vindo a escolher os seus candidatos merecia da parte dos eleitores a resposta protagonizada por Saramago num dos seus livros: – o voto massivo em branco!


Na ultima Assembleia de Militantes da minha secção foi dado parecer sobre a proposta da Comissão Política, que indica o cabeça de lista na eleição para a Câmara Municipal.

Questionei do porquê de ter sido escolhido aquele candidato e não outro, dado que não conheço da parte dele qualquer projeto para o concelho, nem mesmo o seu pensamento sobre políticas estruturantes como sejam a política de turismo, o parque industrial, a transparência na contratação publica ou na relação com os munícipes, etc.

A resposta que obtive foi claramente um porque sim, pois ninguém nem tão pouco o candidato, que, numa demonstração de falta de muita coisa, mas sobretudo de cultura democrática, teve distinta lata de me convidar a abandonar o partido, respondeu às minhas perguntas, remetendo-me para o programa eleitoral, que ainda não foi redigido, mas já se sabe vai ser sucinto, limitado a chavões mais ou menos populistas, porque textos grandes e com “sumo” são chatos, ninguém lê, mas sobretudo comprometem os candidatos.

São assim os dirigentes de hoje dos partidos políticos, a mediocridade reinante como muito bem e com conhecimento de causa refere Paulo Júlio. Instalados no poder que não lhes custou a conquistar ( a maioria são eleitos por poucos mais votos que os dos membros da lista única), acham-se os donos disto tudo e aí de quem lhes fizer frente, no mínimo é sub-repticiamente convidado a sair, pois incomoda a paz podre construida com a argamassa dos inconfessáveis interesses pessoais.

Infelizmente fui, nessa Assembleia, uma voz a pregar no deserto. Deserto de ideias e de ambição como muito bem refere Paulo Júlio.

Ficaria triste, mas ainda assim aliviado, se o meu concelho fosse uma ilha, um caso único, ou mesmo um dos poucos casos, mas não. Condeixa é apenas igual ao que se tem passado por esse país fora.

Como é possível que se ponha sequer a hipótese de recandidatar alguém condenado em 1ª e 2ª instância por peculato e que se mantém no lugar? Realmente a política sem ética é uma vergonha, que dizer da política sem vergonha?

Como é que alguém pensa candidatar a Presidente de uma das maiores freguesias do país, com um orçamento superior a muitas câmaras, um octogenário? Será que pensam que se vai eleger o Papa? A sério, tenham juízo, não brinquem com os eleitores!

Não deveria poder ser candidato, pelo menos por um partido digno desse nome, alguém que não escreve uma linha sobre coisa nenhuma, alguém que não é capaz de explanar, já não digo um projeto, mas ao menos uma ideia que se comprometa a executar se for eleito. Estamos a falar da gestão do nosso dinheiro, estamos a falar de decisões que implicam diretamente com a nossa qualidade de vida (ou falta dela), estamos a falar da nossa terra!

Eu vi, ou melhor, eu ouvi, num concelho vizinho, alguns jovens, os ditos jotinhas, chegarem-se à frente e falarem; mas infelizmente, fazendo jus à “alcunha” que lhes puseram, não vieram com uma ideia, um projeto, uma reivindicação ( os jovens são muito reivindicativos), nada. Apenas e só a exigência de lugares nas listas! Por inerência, por quotas, ou até porque os anteriormente eleitos são menos cromos que os adultos. É este o futuro? É SÓ isto que têm para oferecer aos nossos filhos e netos?

Estas situações não acontecem por acaso e daí a minha preocupação, alem da minha tristeza. No mesmo dia fui, pelo Secretariado Distrital de Coimbra dos TSD, “desnomeado” de representante dos TSD junto da CPS de Condeixa, pelo “delito” de apoiar publicamente as posições do vereador independente, eleito pelo PSD, Professor Norberto Pires. O ÚNICO, que em 40 anos de democracia, teve a ousadia de fazer oposição séria e construtiva ao executivo socialista, partido que se mantem no poder com maiorias absolutas sucessivas, desde Abril de 1974.

Assim vai a Democracia neste jardim à beira mar plantado, veremos por quanto tempo.

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