Hoje tenho noção que tudo o que escrevo tem uma audiência nacional. Escrevi diversos artigos – com relevância nacional – que tiveram mais de 2 milhões de visualizações.
Há dias escrevi um artigo no meu blogue pessoal em que fiz um exame aos 12 anos de governação de Manuel Moreira à frente dos destinos da Câmara Municipal do Marco de Canaveses. Este era um artigo de âmbito estritamente local com interesse sobretudo para os Marcoenses. Mas apesar do interesse do artigo se circunscrever ao Marco e aos Marcoenses fiquei muito surpreendido com o seu alcance. Teve 145.000 visualizações. Sim, não escrevi mal, foram 145.000 visualizações. Provavelmente este meu artigo terá tido um alcance muito superior que a totalidade das edições anuais da maioria dos jornais locais.
Mas voltando à imprensa local. O Jornal “A Verdade” abriu – e na minha opinião bem – um espaço de opinião sobre as próximas eleições autárquicas. Porém, nem sempre, as boas iniciativas estão isentas de “pecados”. O que me parece muito sinceramente ser o caso, em concreto.
Um dos articulistas assina – curiosamente – como “líder do Grupo Municipal PSD na Assembleia Municipal” mas promete ser isento nas suas análises dizendo mesmo “o que escreverei será descomprometido de cor partidária”. Este cavalheiro só pode estar a gozar com os Marcoenses. Podia-nos poupar a estas brincadeiras, mas do cimo do seu pedestal deve pensar que o povo é parvo.
O outro, apesar de independente, e de viver fora do concelho há décadas, diz-se noutros fóruns próximo do Partido Socialista mas foi candidato em 2001 pelo PSD e num outro mandato pelo PS. Ninguém melhor para personificar o Bloco Central no Concelho mas que pelo que me é dado a perceber, nestas eleições, não apoiará a candidata do Partido Socialista.
Um escriba é militante do PSD e autarca em funções com elevadas responsabilidades. O outro, tem dias, uns dias é social-democrata, outros é socialista.
Perante este cenário como ficam representados neste painel as candidaturas do PS, do CDS e da CDU? Parece que não ficam.
O Jornal “A Verdade” é quinzenário e tem uma tiragem de 3.500 exemplares. Partindo do pressuposto que venderia todos os exemplares – ao preço de capa – teria uma receita mensal, por esta via, de 5250,00 euros. Estou convicto que não conseguiria sobreviver apenas com estas receitas e da publicidade das empresas.
Um jornal local depende muito de uma Autarquia. E estamos a falar da publicação dos editais, dos avisos e de todo o outro tipo de publicidade levada a cabo por uma Câmara Municipal. Aliás penso que seria muito interessante saber quanto a autarquia paga, por ano, ao Jornal “A Verdade” por toda esta publicidade. Estou convicto que deverá ter um peso importante nas receitas do Jornal. Por isso esta dependência nunca permitiria ao Jornal ter como colaborador um cidadão, por exemplo como eu, que fosse um crítico frontal do actual maioria do PSD liderada por Manuel Moreira.
É triste dizer isto mas é a dura realidade dos jornais locais, no Marco, e ao longo do País, apesar de que conheço casos muito piores noutros municípios em que a promiscuidade é gritante. Penso que o Vitor Almeida, director do Jornal “A Verdade”, por quem tenho estima pessoal, deveria rever a sua política editorial convidando um representante de cada uma das candidaturas autárquicas para fazer a análise das próximas autárquicas. Parece-me que seria muito mais justo e democrático mas sobretudo muito mais esclarecedor para os leitores do Jornal.