José Eduardo dos Santos é o segundo presidente da República há mais tempo em funções no mundo, apenas ultrapassado, por um escasso mês, pelo presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo.
Independentemente da perspectiva como olhamos para Angola é perceptível ao mundo que estamos perante uma ditadura que dura há muitos anos. Penso que sobre isso não temos dúvidas. E são infelizmente tantos os exemplos que nos levam a esta triste e lamentável conclusão.
Mas vamos apenas olhar para os acontecimentos e dados mais recentes.
Em Abril deste ano um relatório do departamento do Estado Norte-Americano apontou para diversas violações dos Direitos Humanos em Angola nomeadamente a tortura, espancamentos, prisões arbitrárias, ineficiência judicial, limites às liberdades de reunião, associação, expressão e imprensa.
A que acresce que a maioria destes abusos passa impune decorrente de uma cultura de impunidade e de uma generalizada corrupção governamental.
Também ainda este ano no que diz respeito à corrupção a organização da Transparência Internacional coloca Angola no grupo dos países mais corruptos do mundo. Num total de 167 países, Angola ocupa a posição 163 integrando, assim, a categoria dos países mais corruptos do mundo conjuntamente com mais quinze Estados.
Em Angola o Estado de Direito tem falhado em toda a linha. A corrupção continua a negar à esmagadora maioria dos angolanos a segurança e a justiça. Por um lado, em Angola verificamos a existência de uma impunidade perante os funcionários corruptos, e pelo outro lado é bem patente uma intimidação perante os cidadãos que se manifestam contra a corrupção.
No seguimento de uma investigação publicada, há cerca de três anos, pela revista Forbes parece que a fortuna de Isabel dos Santos, filha do Presidente de Angola, considerada, hoje em dia, a mulher mais rica de África, poderá estar mais ligada aos feitos do pai do que aos seus propriamente ditos. Parece óbvio que Isabel dos Santos beneficiou do poder da sua família, nomeadamente do poder do seu pai.
Hoje Isabel dos Santos possui avultadas participações em diversos sectores estratégicos empresarias portugueses, tendo sida recentemente nomeada pelo governo angolano, curiosamente ou talvez não, para presidir aos destino da Sonangol.
Enquanto floresce a fortuna de Isabel dos Santos cada vez mais são os angolanos a passar fome e a morrer por falta dos mais elementares cuidados de saúde primários.
Mais recentemente, ainda este mês, foi aprovada a nova lei que regerá a comunicação social que vem dificultar ainda mais o trabalho do jornalismo independente. A nova Lei vai obrigar a que todas as rádios e as televisões angolanas transmitam os discursos do Presidente José Eduardo dos Santos.
Mas esta nova Lei da Imprensa vem dificultar ainda mais as publicações online sendo mais uma barreira para a liberdade do uso da palavra e para a imprensa.
Também, nos últimos anos, o nosso País tem sido também várias vezes enxovalhado pelos órgãos de comunicação sociais dominados pelo estado angolano apelidando-nos não raras vezes de recalcados, invejosos e até de corruptos.
Ontem começou o 7º Congresso do MPLA que decorrerá até ao próximo sábado e que elegerá José Eduardo dos Santos, mais uma vez. Até aqui nada de anormal!
Todos vemos e percebemos isto, porém parece que o “ Portugal Político “ prefere fingir que não vê, cedendo nos princípios, nos valores, na ética, na liberdade de expressão e nos direitos humanos, em troca de uns tantos negócios, de uns barris de petróleo e dos diamantes. E infelizmente parece que assim será enquanto este regime durar nomeadamente, desde que, mantenha nas mãos as minas de diamantes e os poços de petróleo.
José Eduardo dos Santos está há 34 anos à frente dos destinos de Angola. E por mais alguns anos continuará, agora com o beneplácito e o aplauso dos partidos portugueses com representação parlamentar, com as honrosas excepções do Bloco de Esquerda e do PAN.
Um congresso que tem como convidado especial o consultor Paulo Portas e vai contar com a presença dos mais altos representantes do PS, Ana Catarina Mendes e Carlos César, do PSD, Marco António Costa e Teresa Leal Coelho, e do CDS, Luís Queiró.
Até o PCP que tem uma relação histórica política de várias décadas com o MPLA, através da Internacional Comunista, aproveitou para ser mais recatado enviando como seu representante um desconhecido dirigente de quinta linha de seu nome Rui Fernandes.
Depois deste triste espectáculo confesso que já não me espantaria muito que, no dia em que o Daesh decida organizar o seu primeiro congresso, havendo a possibilidade de fazer uns negócios, este mesmo tipo gente marque presença na primeira fila.
Triste País que vende a sua consciência em troca de alguns dólares e de uns negócios!