Gostava de dizer, com toda a frontalidade, que num país em dificuldades é inaceitável, imoral e obsceno que um administrador público ganhe 30 mil euros por mês. Não tem justificação nenhuma.
Isto não é de esquerda, nem de centro, nem de direita. É uma VERGONHA.
O mesmo Estado que paga uma miséria aos professores de todo o ensino obrigatório, que tão importantes são para o futuro do país, que não reconhece os melhores professores, sem os promover há vários anos e sem permitir progressão na carreia impedindo concursos, explicando que tudo isso se deve às dificuldades do país (o que todos entendemos), decide pagar 30 mil euros por mês (6x mais do que paga ao PM, mais de 10x o que paga aos seus professores) ao CEO de um banco que ainda agora precisou de 5 mil milhões de euros de aumento de capital por gestão danosa e muito duvidosa.
Não percebo que se justifique com o “mercado” a necessidade de pagar ordenados obscenos, superiores ao do PM e do PR, a administradores públicos, os quais, quase invariavelmente, apresentam péssimos resultados que depois são os contribuintes, de novo, que têm de suportar. A regra deveria ser muito simples, para todos os administradores públicos:
- O seu salário deveria ter uma componente fixa e outra variável;
- A componente fixa não poderia, em nenhum caso, sem nenhuma exceção, ultrapassar o vencimento do PM;
- A componente variável, que poderia equiparar o vencimento total ao “mercado”, deveria estar indexada a resultados sustentados da atividade do administrador. Isto é, seriam uma percentagem desses resultados comprovados;
- Não é aceitável que no Estado existam diferenças de salários superiores a 10x, quando se compara o salário mínimo com o salário máximo. Essas diferenças são sinal de subdesenvolvimento e de desrespeito pelos cidadãos.
Lamento tudo isto e que este país seja incapaz de respeitar os contribuintes e de dar o exemplo.