Coimbra, que já foi claramente a terceira cidade do país, logo a seguir a Lisboa e Porto tem vindo a ser ultrapassada por muitas outras cidades, fruto de um estado de estagnação, que permitiu a deslocalização ou encerramento de alguma da pouca industria existente e o definhar do comercio, em vez de acompanhar o progresso registado noutras cidades mais pequenas e com menos condições.
Os políticos locais nunca souberam aproveitar a centralidade e captar a qualidade e capacidade empreendedora dos recursos humanos formados na mais velha e prestigiada Universidade do país.
Feito que está o consensual diagnóstico é preciso deitar mãos à obra e finalmente construir a indispensável mudança.
Se em tempos disse, e muito bem, um dos candidatos às próximas eleições autárquicas, que para que a mudança aconteça “não basta mudar as moscas”, que dizer se nem as moscas mudarem?
Para que as pessoas acreditem e se mobilizem, mobilização de vontades essencial para uma real e bem sucedida mudança, é necessário antes de mais construir uma equipa que passe a mensagem clara de que a sua formação teve por base a competência e a capacidade de inovar e criar, e não uma qualquer lógica partidária ou um qualquer somatório de “compra” de apoios.
Como muito bem escrevia recentemente Paulo Júlio, ex-autarca e ex-Secretario de Estado, uma candidatura não pode resumir-se à indicação de nomes, menos ainda, na lógica de grupos que mais não fizeram que construir “sindicatos de votos” como forma de se manterem nos lugares, mas antes tem que partir de uma ideia, de um projeto, que agrega com naturalidade um conjunto de vontades, de comprovada capacidade de realização, capazes de limar as diferenças, potenciando o muito que as une. Uma candidatura terá que se impor, pela clara mensagem de mudança para muito melhor que dela emana.
É na capacidade e coragem de “saber estar e romper a tempo, correr os riscos da adesão e da renúncia, pôr a sinceridade das posições acima dos interesses pessoais,” que se definem os grandes líderes, e que a política vale a pena.
A mudança tem que ser alicerçada numa liderança forte, numa equipa capaz e coesa, e na definição clara e estruturada das linhas de ação para todas as políticas sectoriais, indexadas aos “atores” que vão liderar todos e cada um desses projetos estruturantes, de forma a que os eleitores, não só possam aquilatar da sua exequibilidade, como mais tarde exigir responsabilidades políticas.
É esta forma diferente de fazer política que, quem nos últimos anos tem vindo a exigir dos outros, deverá agora mostrar ser capaz de implementar na pratica, ou ficaremos com um desesperante “amargo de boca” que obviamente se traduzirá nos resultados eleitorais.
Porque aprendi a acreditar nas pessoas e ainda não esqueci, nos primeiros tempos do regime democrático, a capacidade de promover a mudança na minha terra natal de um tal de “Dr. Mundinho” mais o “Professor”, continuo a achar que é possível, dar a Coimbra a gestão autárquica que a consiga levar ao lugar que merece no panorama nacional e porque não, projetando a “marca” Coimbra no mundo. Assim haja coragem e vontade de romper com “velhas políticas”!
Américo Coutinho