Ontem foi tornado público que o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vitor Rodrigues, vai integrar os órgãos da SAD do Futebol Clube do Porto como administrador não executivo, substituindo Antero Henriques, passando assim a ” assessorar ” Pinto da Costa.
Aliás este facto foi já confirmado por Eduardo Vítor Rodrigues que se apressou a justificar esta sua opção afirmando que são “ opções respeitáveis quando tudo é claro, transparente, sem fanatismos e sem conflitos de interesses hoje e sempre, às claras e, por isso, sujeito a escrutínio” sublinhando que “ os conflitos que nos devem preocupar são os ocultos”.
Talvez Eduardo Vítor Rodrigues se tenha esquecido que o Futebol Clube do Porto usa o Centro de Estágio do Olival e o Estádio Jorge Sampaio, a troco de meia dúzia de euros, a que acresce o Pavilhão Municipal da Lavandeira quando os clubes gaienses, com muito dificuldade, suportam na sua totalidade os custos com as suas instalações.
Eduardo Vitor Rodrigues trata esta questão com dois pesos e duas medidas: ao Futebol Clube do Porto é quase tudo oferecido, enquanto a maioria das colectividades de Gaia passam por grandes dificuldades para conseguirem sobreviver, prestando estas efectivamente um serviço público às populações. Mas esta deve ser a visão equitativa/distorcida que o presidente da Câmara de Gaia tem da gestão do Município.
E o que pensarão as centenas de dirigentes das colectividades gaienses que graciosamente dedicam o seu tempo, em prol da população, quando existe esta dualidade de critérios de Eduardo Vítor Rodrigues?
Talvez fosse mais transparente, como diz Eduardo Vítor Rodrigues, a Câmara de Gaia tornar público quanto custam anualmente os protocolos com o Futebol Clube do Porto, bem como os benefícios dos mesmos para Gaia e para as suas gentes.
Mas ainda no que diz respeito à transparência e aos conflitos de interesses talvez Eduardo Vitor Rodrigues se tenha esquecido que a Câmara de Gaia e as Empresas Municipais fizeram vários ajustes directos, no valor de 169.350 euros, com uma sociedade de advogados, de que é sócio Adelino Caldeira, vice-presidente e administrador da SAD do Futebol Clube do Porto. Será que estas avenças jurídicas são para pagar os honorários dos processos judiciais que o presidente da Câmara de Gaia anuncia quase todas as semanas intentar contra os mais diversos cidadãos que discordam da sua gestão municipal?
Por isso em nome da transparência e da ética espero que, a partir deste momento, a Câmara Municipal de Gaia termine a relação que mantem com a supracitada sociedade de advogados que tem como sócio Adelino Caldeira.
Curioso é também um ajuste directo – em três dias – à Dragon Tour, agência de viagens ligada ao Futebol Clube do Porto, no valor de 9.300 euros, referente à aquisição de serviços de venda de voucheres com viagem e estadia para ofertas institucionais.
Esperemos que, também em nome da transparência, Eduardo Vitor Rodrigues esclareça a necessidade e a urgência deste ajuste directo, bem como tornasse pública a lista dos felizes contemplados com um passeio turístico desportivo que incluia ainda bilhete para acesso a um jogo internacional do Futebol Clube do Porto. E tudo isto à custa do dinheiro de todos contribuintes.
Mas existem ainda outros assuntos que Eduardo Vítor Rodrigues ainda não esclareceu. Estou a falar, em concreto, da medalha de mérito profissional – grau ouro – que a Câmara de Gaia atribuiu a Marco António Costa.
Ainda todos temos presente que, durante quase três anos, Eduardo Vítor Rodrigues andou a apregoar aos quatro ventos a “monstruosa” dívida municipal herdada do executivo anterior falando mesmo em quase falência da autarquia. Estranhamente premiou um dos principais responsáveis pela mesma com uma medalha de mérito municipal.
Os gaienses merecem uma explicação de uma vez por todas porque a justificação para a atribuição desta medalha vai mudando em função das circunstâncias.
O presidente da Câmara de Gaia começou por justificar esta condecoração como um acto democrático, mais tarde disse que o fez por proposta do vereador do PSD, Firmino Pereira – esquecendo-se que ele, os vereadores socialistas e os que suportam o executivo oriundos do movimento independente “Juntos por Gaia“, liderados por Guilherme Aguiar, poderiam ter votado contra a proposta do autarca social democrata – sendo que esta semana a justificação de Eduardo Vítor Rodrigues, noticiada pelo jornal Público, passou a ser a seguinte referindo-se a Marco António Costa ” que eu saiba ele não roubou, não é corrupto, e esteve ao serviço da população, o que é meritório, mesmo que não tenha feito tudo bem ”.
Será que o Presidente da Câmara de Gaia leu o relatório da auditoria efectuada pelo Tribunal de Contas à gestão financeira da autarquia entre 2008 e 2012? Se não leu aproveito para esclarecer Eduardo Vítor Rodrigues que Marco António foi alvo de dez juízos de censura pelo Tribunal de Contas.
Também curioso é o facto de quase não existir oposição em Gaia. PSD, CDS, PCP e BE quase nada dizem. No mínimo parece estranho!
Parece-me que nem tudo vai bem pelo reino de Gaia, por isso, os gaienses poderão contar comigo na denúncia destas situações menos claras que vão sendo cada vez mais habituais na acção quotidiana da actual gestão socialista.
Aguardemos pelos esclarecimentos de Eduardo Vítor Rodrigues!