É sem dúvida uma boa forma de andarmos entretidos e perdermos a noção do mal que andam há quase dois anos a fazer ao País.
A este propósito e numa conversa informal, perguntaram-me o que faria se fosse Passos Coelho para reganhar o País e as pessoas. A minha resposta inicial é que quem percebe um pouco disto só tem que estar desejoso que ele volte à ribalta e às vitórias rapidamente mas quem vota muitas vezes só se interessa com o “ópio do povo”, ou seja, as boas noticias e a ilusão de riqueza que a Esquerda tão bem cria na mente dos mais distraídos. Na mente dos “sofredores da crise” a mensagem que fica é “que o País pode viver longe das amarras da austeridade.” Não percebem no entanto que esta não só não terminou como lhes foi prometido como foi aumentada substancialmente por via dos impostos indirectos. Mas a isso os incautos respondem: “ a vida está mais cara, a culpa é do Euro”, sem a mínima noção da carga absurda de impostos que é taxada neste País.
Confrontada com esta dura realidade fui obrigada a elaborar um pouco mais e eis as conclusões a que cheguei e o que considero que poderia ser feito por Passos Coelho para cativar novamente a atenção das pessoas visto que elas parecem ter um grave problema com a verdade e a frontalidade e preferem cenários irreais e cor-de-rosa.
Em primeiro lugar, assim que lhe fosse possível Passos deve limpar o Partido. Todos sabemos qual o nome e apelidos do cancro que o mina de dentro para fora e quem são as pessoas que se auto-beneficiam e beneficiam os amigos através das suas ligações ao Partido e ao Poder.
No meu entender, para que nos guie na limpeza da “nossa casa”, Passos deve primeiro e sem medo limpar a sua retirando a militância a todos aqueles que de uma forma ou de outra não respeitem os Estatutos ou não cumpram no seu quotidiano os preceitos da Social-Democracia. Não é difícil fazer esta avaliação e isso faria com que ganhasse o respeito e a consideração das pessoas pois seria considerado como um acto de rectidão e coragem. O Partido não deve servir para catapultar ninguém e muito menos quem só se consegue orientar por via da Política.
Em segundo lugar, Passos deveria apresentar um Programa de Governo para as próximas legislativas tão ambicioso quanto Reformista de base Liberal. E o que significam estes palavrões?
Ora uma Economia de base Liberal é uma Economia que não depende do Estado para funcionar e que assenta nos mercados livres e na livre concorrência. Para que isto se torne possível é necessário que Passos assuma a necessidade de reescrever a Constituição da Republica Portuguesa (CRP) e todos sabemos como isso será difícil com o novo ocupante de Belém mas bem-feitas as contas, se Passos ganhar as Legislativas o senhor entretanto sai e dará lugar a outro com a cabeça mais assente em cima dos ombros e não tão virado à Esquerda como este. Se for pelo menos um pouco mais recatado e imparcial no desempenho do cargo eu já me dou por satisfeita.
Prosseguindo, a reescrita da CRP permitirá a Portugal acabar com muitos dos grilhos que impedem o seu desenvolvimento como sejam as divisões entre o sector público e privado, o sistema eleitoral, a orientação política que se pretende para o País e tantas outras questões. Passos necessita de explicar porque é que esta CRP não cumpre com os requisitos mínimos para o salutar desenvolvimento da Nação e argumentos válidos não faltam. Assim as pessoas percebam e dar-lhe-ão todo o seu apoio – excepto os Funcionários Públicos mas até aí há gente muito consciente que pode fazer a diferença.
Cumprido este pressuposto podemos passar às etapas seguintes que aliás estavam previstas no Programa de Governo que ganhou as últimas eleições legislativas. Assim temos: uma verdadeira Reforma do Estado e definição clara das suas funções. O Estado não deve estar em mercados regulados ou concorrenciais, deve fazer o seu papel de garante de equidade na elaboração e aplicação das regras e não vicia-las para benefício próprio; Reforma do Sistema de Segurança Social tendo em vista o seu prolongamento saudável no tempo atendendo a que vivemos tempos de “pirâmide invertida”. Uma das formas de a tornar mais sustentável seria uma aposta clara nas Politicas de Natalidade e aí há muito que pode ser feito; uma Reforma da Justiça – os primeiros passos foram dados com Paula Teixeira da Cruz mas as reversões e as asneiras do último ano e meio não só nos fizeram perder tempo precioso como não ajudam à fixação do tão necessário Investimento Directo Estrangeiro (IDE) pois os empresários não vão correr o risco de fazer investimentos avultados em Países com situações irregulares aos níveis da Justiça e Fiscal; Reforma Fiscal, é necessário que Portugal encontre outro caminho para se tornar sustentável – por via do crescimento e da geração de riqueza privada, por exemplo e não por via do aumento sucessivo de impostos. Uma carga fiscal mais baixa faria com que houvesse menos fuga aos impostos e que todos pagássemos. “Se todos pagarmos pouco, juntos pagamos muito”; Reforma da Saúde para que haja uniformização nos cuidados prestados e no numero de profissionais e meios necessários e por último mas não menos importante: Reforma Educativa traçando um plano que ensine as nossas crianças a pensar e a raciocinar e os nossos jovens a elaborar e produzir pensamento articulado de forma consistente. Uma juventude que não sabe falar não sabe pensar, não raciocina e não se expressa condignamente. Como não somos babuínos, convém que saibamos tirar o melhor proveito da nossa Língua pátria e nos saibamos expressar para que entendamos os outros e estes nos entendam. Esta acção pode parecer simplória mas tem uma repercussão enorme em termos sociais e de desempenho profissional.
Acrescento que para além destas áreas, o Estado deveria ter sob a sua alçada as Forças Militares e de Segurança e nada mais. Se se concentrar nestas áreas o Estado português já tem muito que fazer.
Este compromisso deveria ser assumido por todos os Partidos com assento parlamentar sem excepção e deveria ter como única linha orientadora o facto de ser o melhor para Portugal independentemente das ideias que cada líder político tem sobre as mais variadas matérias. Sem este compromisso será quase impossível que Portugal atinja a estabilidade de que necessita para fortalecer as suas contas e a sua posição interna e externa com carácter permanente e não transitório e dependente das condicionantes externas e factores como o Turismo ou as Exportações.
É uma tarefa difícil a que aqui proponho a Pedro Passos Coelho mas faço-o porque considero que ele é capaz de a desempenhar como ninguém e não tem medo das adversidades e dos obstáculos. Caso esta agenda merecesse o aval dos portugueses ele teria toda a margem para a negociar internamente e para fazer valer estas posições.
Portugal precisa de, de uma vez sair debaixo do jugo pseudo-colonialista e socialista onde foi enfiado pelos “pais fundadores da Democracia” e abrir-se a uma nova perspectiva global e a uma nova forma de estar mais arejada e mais livre de preconceitos e pré-conceitos totalmente ultrapassados e que já provaram não ter qualquer aplicabilidade pratica.