Muitos me têm sugerido que escrevesse um livro. Recuso a ideia porque de acordo com a minha percepção, é preciso muito mais imaginação e criatividade do que aquela que possuo. A minha capacidade analítica, contrária à sonhadora necessária, leva-me a assuntos mais sérios, tratados em pequenos textos.
Acho que prefiro deixar no meu leitor aquele “sabor de quero mais” do que aquele “ufa, finalmente acabou”.
Olhando para trás, era suposto tudo isto ser simples, ordenado, ponderado. Era suposto mas não foi. Antes foi desorganizado, caótico, imprudente. Para muitos isso será viver mas tal como a minha escrita é coerente e a pena transmite a velocidade e a intensidade do pensamento, com vista à construção de raciocínios ordenados, também a linha da Vida, apesar dos sobressaltos impostos por tudo o que me é exógeno, deve seguir uma linha coerente, não monótona ou monocórdica mas coerente.
Temos que saber de onde vimos e para onde queremos ir mesmo que não saibamos necessariamente para onde vamos. Era suposto ser claro. Mas não é. É turvo, sinuoso, nem por isso menos excitante ou agradável mas não é claro.
Deixo a pena correr, oscilar entre a Razão e a Emoção, entre o Ser e o Devir, entre o Sentir e o Pensar. Onde vou chegar, se vou chegar, não sei, mas quero. Quero chegar onde quer que seja com a perfeita noção de que aproveitei cada nano-segundo da viagem, que observei cada pormenor, que atentei ao mais ínfimo ruído, ao mais profundo som.
Que tive os olhos bem abertos para capturar cada imagem qual Polaroid e que os mantive serenamente fechados para observar internamente o impacto de cada uma destas experiências que vivenciei e vivenciarei.
Era suposto. Mas era suposto o quê? É suposto. É suposto sentir-me bem, é suposto ser feliz. É suposto Viver.
Tão-só é suposto querer, sonhar, sentir. No Presente e para o Futuro.
Era suposto construir. É suposto Ser! É suposto Ir!
Não importa onde, o que importa é não Parar!
Luisa Vaz
(A autora não usa o Acordo Ortográfico)