Nada tenho contra Aberto Machado e Alberto Santos, até pelo contrário, conheço-os há muitos anos, ambos são homens honestos e excelentes autarcas, porém penso, nomeadamente pelos apoios que reúnem, não têm as condições políticas para fazerem a ruptura com o passado que o actual momento exige.
Um passado em que paulatinamente, nos últimos anos, o PSD foi perdendo a influência política no Distrito.
Um passado que levou o PSD a uma derrota histórica nas últimas Autárquicas. No Distrito perdeu as Câmaras de Felgueiras, Paredes e Marco de Canaveses para o PS, liderando agora apenas cinco autarquias num total de dezoito Municípios sendo que na cidade do Porto teve uma derrota humilhante tendo conseguido somente 10,39% dos votos e elegendo apenas um vereador.
Esta é a hora de fazer regressar os muitos militantes que nos últimos anos, pelas mais variadas razões, se afastaram do Partido. Não podemos prescindir do contributo de todos.
Mas também defendo a abertura do PSD do Porto à sociedade nomeadamente à participação cívica efectiva dos seus militantes, bem como de cidadãos independentes, empresários, associações, sindicatos e universidades, de forma a que possa existir um debate franco e plural sobre o futuro do Partido e do Distrito.
É essencial a criação de uma incubadora de ideias e propostas aberta à participação de todos os cidadãos (militantes e independentes) de forma a apresentar propostas concretas para o futuro do Partido e do Distrito do Porto.
O próximo líder da Distrital vai ter pela frente o difícil desafio de ganhar as eleições legislativas. É necessário apresentar uma lista de candidatos a Deputados renovada constituída por pessoas que representem efectivamente os eleitores. Para isso defendo eleições Primárias, em todos os Municípios, para a escolha dos nomes a indicar pelas Concelhias.
Mas o maior desafio passará pela preparação atempada das eleições autárquicas no Distrito do Porto. O próximo líder distrital vai receber como herança um PSD com apenas cinco Câmaras Municipais. E é bom recordar que parte com o pior resultado autárquico que o Partido teve no Distrito do Porto. O Partido precisa urgentemente de recuperar a sua implantação no plano das autarquias locais. Esta sempre foi sempre a nossa mais importante base de apoio.
Ainda no que diz respeito às eleições Autárquicas entendo que a Distrital deverá, desde cedo, começar o trabalho, em sintonia com as Concelhias, de forma a recuperarmos o terreno perdido. Entendo que deverá ser também através de eleições Primárias agendadas de forma atempada, acompanhadas de um debate aberto a todos os cidadãos, em que deverão ser escolhidos os candidatos a Presidentes de Câmara do PSD em cada um dos Concelhos. Esta será também uma forma de proporcionar uma participação mais activa dos militantes de base do Partido nas decisões ao nível Concelhio.
Para o PSD vencer as eleições legislativas e autárquicas terá que apresentar os melhores dos melhores para reconquistar a confiança dos eleitores. A tarefa não é fácil, mas é possível vencer este desafio político.
Vivemos também novos tempos que exigem novas abordagens e apresentações de novas soluções. E o PSD, se não quiser perder o “comboio da modernidade”, tem que acompanhar estes novos tempos, por isso, defendo que os novos órgãos distritais deverão propor a realização de um congresso extraordinário exclusivamente para discutir alterações estatutárias que considero essenciais, entre outras, as seguintes:
a) o fim da obrigatoriedade da existência de proponente para novos militantes;
b) a criação de secções temáticas concelhias e distritais;
c) o prazo mínimo para a marcação de eleições concelhias e distritais passe a ser de 60 dias;
d) eleições primárias em todas as concelhias para a escolha dos candidatos a deputados e a presidentes de câmara;
e) os militantes que estejam a ser alvo de investigações judiciais, no âmbito do exercício de funções públicas e políticas, não possam ser candidatos a quaisquer cargos políticos ou públicos em nome da transparência e da moralização da vida política e pública.
f) o fim do pagamento obrigatório das quotas para participar na vida activa do partido. O financiamento do Partido deverá passar a ser colaborativo feito através de crowdfunding sendo publicadas trimestralmente no site do partido a listagem com o nome das pessoas e respectivo valor doado.
Foram importantes os debates entre os três candidatos que percorreram o Distrito. Apenas assisti ao que foi feito na Maia. Gostei do formato e gostei de ouvir as propostas dos três candidatos. Um bom princípio que o PSD não pode prescindir em eleições futuras.
Os tempos que se avizinham não serão fáceis. Este será um momento chave para o futuro do PSD no Distrito do Porto e no País. Por isso não me podia demitir de emitir a minha opinião sobre a escolha daquele que será o futuro líder da Distrital do PSD do Porto.
A eleição sistemática de presidentes oriundos do “sistema” deram os resultados que infelizmente todos conhecemos. Por isso deixo um apelo a todos os militantes do Distrito, independentemente das suas escolhas, que decidam pela sua própria cabeça. Que não alinhem nos famosos “sindicatos de votos”, tão criticados pelo actual Presidente do PSD, Rui Rio, que apenas beneficiam alguns – por norma sempre os mesmos – em detrimento do interesse colectivo do Partido.
Não conheço pessoalmente o Professor Rui Nunes, penso que apenas nos cumprimentamos uma vez, mas pelo seu currículo, por ser um homem livre, pelas propostas corajosas e claras que apresentou entendo que é o único candidato que tem as condições pessoais e políticas para fazer a ruptura com o passado.
Por estas razões, no dia 30 de Junho, votarei Rui Nunes em nome de um novo PSD do Porto.
Paulo Vieira da Silva
Gestor de Empresas / Licenciado em Ciências Sociais – área de Sociologia
(Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)