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Eleições Autárquicas 2017: Lisboa e Porto já “mexem”

As Eleições Autárquicas já provocam reboliço nas duas principais urbes do País. Cristas, em Lisboa, anunciou a sua candidatura à Câmara Municipal, numa inteligente jogada de antecipação que, além de condicionar – e muito – o PSD, lhe assegura um palco permanente durante um ano, que se poderá reflectir positivamente nos índices de popularidade do seu próprio partido. No Porto, o candidato alegadamente independente, que ganhou as últimas eleições com o apoio do PP e de uma importante facção do PSD, e que depois sem qualquer pudor se ancorou no PS, muito por culpa do ambicioso Pizarro que quis ser presidente por interposta pessoa, conduzindo hoje o seu próprio partido a um beco para o qual não se vislumbra grande saída, está hoje no “mercado”, a ver quem dá mais, que neste específico caso é ver quem cede mais, num jogo diria indecente entre aproximações e afastamentos ao PS e ao PSD, feito de pequenos gestos, recados e insinuações, na ânsia de obter o apoio do partido que lhe permitir mais margem de manobra na constituição da sua própria lista. O PS, arrastado, como já referi, para este pântano por Pizarro, arrisca-se a ter que comer sapos gigantescos, para assegurar que Rui Moreira não se abra – como secretamente deseja – a um apoio formal do PSD. Nesta valsa interesseira do dito candidato quem corre sérios riscos de ficar, como dizem os espanhóis, “mareado” é o PP, já que Cristas, tontamente, logo no Congresso que a elegeu presidente do partido, declarou-lhe apoio, numa estúpida iniciativa de demarcação inicial do PSD.

Se a política fosse – como devia ser – mais séria do que é em muitas circunstâncias, o que deveria acontecer é que tanto o PS como o PSD apresentassem os seus próprios candidatos, deixando o actual presidente da Câmara do Porto, sem máquina partidária e sem financiadores, como paga deste ziguezaguear oportunista.

Estou, aliás, perfeitamente convencido, que o crescente namoro entre o citado candidato e o PSD prende-se, exactamente, com a questão do financiamento da campanha, já que os “mecenas” de outrora (das últimas eleições) foram quase todos oriundos da área do PSD, que não se reviam na candidatura de Luís Filipe Menezes. Esses “mecenas” devem  enjoados com o despudor do seu antigo candidato em ter deixado a Câmara do Porto à governação efectiva pelo PS durante o presente mandato. Uma governação, aliás, que viveu muito mais de polémicas, festas e medalhinhas bizarras do que propriamente a obra feita, tendo a situação agravado com o falecimento do malogrado Paulo Cunha e Silva, que era única que tinha uma ideia clara sobra a cidade. O pouco que mexe no Porto, a esse nível, deve-se quase exclusivamente à equipa da SRU (que rapidamente se tornou objecto de ciúmes do edil da urbe). Tirando isso, quase nada sobra e se não fosse o turismo, suportado mais pela estratégia das companhias “low cost” do que por qualquer política consistente, e um crescimento dinamismo da Universidade do Porto, o cenário real que se esconde para lá do “pink” seria muito pior do que é. Todos os interesses afastados por Rui Rio andam hoje satisfeitíssimos com o actual “status quo” e tudo isso “é triste, tudo isso é fado”.

Se o PS está metido no tal beco, o PSD não e tudo deve fazer para escolher uma candidatura autónoma, própria e que venha decidida a fazer frente a fogos-fátuos e a foguetes de São João, e não faltam candidatos sociais-democratas com obra feita no Porto capazes de ganharem a Câmara Municipal, desde que não se formem “facções” fraticidas que tão mau resultado deram nas últimas autárquicas.

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