A dívida portuguesa pode dividir-se em 3 partes: a dívida total das administrações públicas, a dívida das empresas privadas e a dívida dos particulares. Entidades várias publicam boletins informativos sobre a dívida: O Banco de Portugal, o IGCP e o INE. Normalmente, os números da dívida são publicados usando várias definições: dívida direta do estado (utilizado pelo IGCP), dívida na óptica de Maastricht (banco de Portugal), etc.
O conceito de dívida na óptica de Maastricht difere do conceito dívida direta do Estado, compilada pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) numa base mensal e divulgada também pelo Banco de Portugal, devido, principalmente, a: i. diferenças de delimitação do setor – a dívida direta do Estado inclui apenas a dívida emitida pelo Estado, enquanto na dívida de Maastricht se incluem todas as entidades classificadas, para fins estatísticos, no setor institucional das administrações públicas; ii. efeitos de consolidação – a dívida direta do Estado reflete apenas os passivos deste subsetor, enquanto a dívida de Maastricht é consolidada, isto é, excluem-se os ativos das administrações públicas em passivos emitidos pelas próprias administrações públicas; iii. capitalização dos certificados de aforro – a dívida direta do Estado inclui a capitalização acumulada dos certificados de aforro, que é excluída da definição de Maastricht.
Neste artigo publico a dívida total reportada pelo Banco de Portugal.
Dívida total das administrações públicas (Maio de 2016: 296.352.000.000 euros)
Dívida das empresas privadas (Maio de 2016: 260.354.000.000 euros)
Dívida dos particulares (Maio de 2016: 144.179.000.000 euros)
Este quadro resumo inclui já os valores de Junho de 2016 (adicionado no dia 24 de Agosto 2016 à 00:37):
Ou seja, a dívida total de Portugal em Maio de 2016 era de 700.885.000.000 euros.
Sendo o PIB (Dezembro de 2015) português cerca de 179.409.600.000 euros, a dívida total de Portugal equivale a 390,7% do PIB. Isto é, em números redondos, a dívida nacional equivale a cerca de 4 vezes aquilo que o país produz num ano.
Há mais algumas conclusões interessantes:
- A Dívida Pública (42,3% da dívida total) tem vindo a crescer todos os anos, valendo em Maio de 2016 um pouco mais de 296 mil milhões de euros, ou seja, 165,2,% do PIB;
- A dívida das empresas privadas (37,2% da dívida total) tem vindo a descer, valendo em Maio de 2016 cerca de 260 mil milhões de euros, ou seja, 145,1,% do PIB;
- A dívida dos particulares (20,5% da dívida total), que inclui as famílias essencialmente, também tem vindo a descer, representando cerca de 144 mil milhões de euros o que equivale a 80,4% do PIB.
É uma dívida gigantesca. Tem de ser encarada e diminuída muito drasticamente, pois, caso contrário o país perderá toda a sua credibilidade e confiança externa. O facto de o Estado ser incapaz de baixar a sua dívida total absoluta, ao contrário do que têm feito o setor privado e as famílias, é um dado muito significativo. A dívida é para pagar, e será paga por várias gerações. Este monstro que construímos é uma pesada herança que deixaremos aos nossos filhos e netos.
As transformações necessárias no Estado (sempre adiadas por incapacidade dos políticos e porque o Estado está tomado por interesses de todo o tipo), na nossa forma de vida, no modelo económico, na necessidade imperiosa de atrair investimento produtivo, na educação, na relação entre conhecimento e indústria, etc., deveriam ser o foco urgente de uma nova geração de políticos centrados no interesse nacional.
Pensem nisso.