O que a imprensa de hoje noticia sobre o lamentável espectáculo que está a dar a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) , nomeadamente, o seu presidente Emídio Gomes, é de uma gravidade política extrema.
E que fique bem claro que não está em causa a competência de Emídio Gomes, mas sim a sua atitude de grave afronta política para com o actual Governo.
Se Emídio Gomes não se revê nas politicas do Governo deveria demitir-se e apresentar as suas razões como fez o Professor Doutor Norberto Pires quando, em ruptura com o ex-governo, demitiu-se das funções de presidente da CCDR Centro abrindo caminho para uma nova liderança. É esta atitude de desprendimento que entendo que devem ter todos os cidadãos que exercem funções públicas, colocando sempre o interesse colectivo acima de quaisquer interesses pessoais.
Hoje os municípios do Porto, Gaia, Matosinhos e Gondomar recusaram assinar os contratos de financiamento comunitário relativos aos planos estratégicos de desenvolvimento urbano propostos CCDRN atendendo a que, como afirmou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o contrato proposto pela CCDRN não contemplava a majoração prometida de 20% pelo ministro das Infraestruturas e do Planeamento, Pedro Marques.
Como é possível Emídio Gomes, presidente da CCDRN recusar-se a publicar o aviso para um concurso de acesso a fundos estruturais ordenado pelo Governo?
É óbvio que com esta atitude Emídio Gomes, homem próximo de Jorge Nuno Pinto da Costa, actualmente vice-presidente do Futebol Clube do Porto, ao lado de figuras como Antero Henrique e Adelino Caldeira, mas também considerado politicamente próximo do ex-porta voz do PSD, Marco António, abriu um grave conflito institucional e político com o Governo.
Este é um braço de ferro que Emídio Gomes abre com o governo de António Costa que poderá ter consequências gravosas para a região Norte.
Em nome do respeito pelas hierarquias em democracia e do superior interesse nacional este braço de ferro terá que terminar nas próximas horas. O Governo não pode fazer de conta que nada aconteceu hoje porque fazê-lo seria abrir um precedente muito grave para o futuro.
Entendo que Emídio Gomes tem vergonha na cara e demite-se ou então o ministro Matos Fernandes deverá demiti-lo, de imediato, por incumprimento das indicações do Governo e deslealdade muito grave perante a Tutela. Se nada disto acontecer é porque nenhuma das partes tem vergonha e então terei que dizer que estão todos muito bem uns para os outros.
Por que para grandes males, grandes remédios!