Vivemos num País com uma população de dez milhões de habitantes onde mais de dois milhões são pobres.
Uma pobreza – crescente e cada vez mais encapotada – que tem várias causas e – afirmo-o sem quaisquer complexos ou dúvidas – culpados concretos.
Se vivêssemos há meio século, numa sociedade ruralizada, ignorante e sem liberdade, a presente relação população total versus número de pobres, poderia traduzir um elevado índice de natalidade. Os filhos eram mão-de-obra apreciada e necessária para a subsistência e eram todos aqueles que “Deus mandava”.
Hoje essa relação “população total versus número de pobres”, dita e explica o baixo índice de natalidade que assola Portugal.
A maioria da população não tem condições objectivas para criar mais do que um filho. Ordenados ridiculamente baixos, o desemprego e a asfixia fiscal, a que acresce uma emigração (aconselhada pelos neoliberais de pacotilha como forma aceitável para a resolução do problema do desemprego jovem) que implica, hoje em dia e sobretudo, uma franja etária em idade reprodutiva, transformaram Portugal num País de velhos a curtíssimo prazo.
Só com o aumento do rendimento disponível da maioria da população e com consequente redução do número de pobres é que a natalidade tem condições para dar um salto. Ordenados melhores, diferenciação e benefícios fiscais substanciais, são as únicas medidas com efeitos directos e benéficos no aumento da natalidade. Todas as demais podem ajudar, mas não resolvem nada de forma substantiva.
Portugal – e a maioria dos países europeus – têm que começar a equacionar a subsidiação real da reprodução e do provimento completo. O nascimento regular e substancial de crianças é a única hipótese de sobrevivência a média-prazo.
Portugal – e a maioria dos países europeus – têm que redefinir prioridades: ou salva a banca ou salva a demo grafia. Os recursos são escassíssimos e não esticam para tudo.
Os milhões de milhões enterrados no BPN, no Banif e na totalidade da banca portuguesa seriam até excessivos para resolver, numa geração só, os problemas de natalidade.
Não me venham falar nos “efeitos de contaminação da banca ” que contraponho logo com os “riscos de extinção da espécie”(Homo Portuga-Portuga, Sapiens-tem dias).
O problema da natalidade excede – do ponto de vista dos efeitos destrutivos – todos os outros. Esta não é uma constatação ideológica, filosófica ou religiosa…não carece especial elaboração: é gritantemente básica.