E ao 41º ano Condeixa é mais socialista que nunca! O PS hoje tem maioria absoluta em todos os órgãos autárquicos do concelho: na câmara municipal, na assembleia municipal e em todas as 7 freguesias, mesmo naquelas em que o PSD já foi poder e são, tradicionalmente, locais de forte votação no partido (a EGA, o Zambujal e Vila Seca/Bendafé, por exemplo). É um poder absoluto como nunca se viu na história da democracia em Condeixa.
Isto acontece depois de um dos mandatos autárquicos mais cinzentos de que há memoria.
O executivo não lançou no concelho nos últimos 4 anos uma única obra digna desse nome e nem as que estavam lançadas, adjudicadas ou em execução conseguiu concluir.
São o caso do PO.ROS, para onde se continua a prometer rede wi-fi, isto num museu multimédia (!) à desastrosa obra de saneamento da Ega, onde as casas para além da residência do vereador Ferreira continuam sem se poder ligar à rede, bem como as situadas na Rua das Hortas.
O ridículo chegou ao ponto de vermos o Presidente “de rabo no ar” a cheirar as sarjetas da Urbanização Quinta do Barroso, isto porque não se conseguia resolver o cheiro pestilento que infestou durante grande parte do mandato aquela zona residencial.
Acontece ainda num mandato em que o executivo contou com a oposição mais ativa da historia democrática de Condeixa, oposição protagonizada pelo vereador Norberto Pires, que alem de “marcar” em cima a atuação do executivo, fazendo voltar atrás algumas decisões precipitadas que mereceram parecer negativo de entidades hierarquicamente superiores como a CCDRC, deu sempre publico eco das suas criticas e propostas quer nas redes sociais quer na “blogosfera”.
Como explicar então este reforço massivo de influência ao ponto do PS ganhar TODOS os órgãos autárquicos do concelho com maioria absoluta?
A explicação tem que ser procurada, obviamente nas alternativas políticas, mais propriamente no PSD, o único partido que sociológicamente pode fazer frente ao PS. Na verdade, mais de dois terços da sociedade portuguesa situa-se ideologicamente na área da social democracia europeia, distribuindo-se pelo PS e PSD, mais ou menos equitativamente, apesar dos últimos resultados eleitorais, que serão, se o PSD retomar o seu caminho natural, meramente conjunturais.
Porque há-de ser diferente em Condeixa a ponto de nunca ter havido alternância de poder?
Considero que por motivos históricos e também conjunturais.
Históricos, porque não passaria pela cabeça de ninguém de bom senso entregar a “chave” do partido no pós Abril, a quem fechou a porta da Câmara Municipal do antigo regime, e, com mágoa, a entregou a comissão instaladora; mas foi isso que fez o PSD, o que implicou ter estado sempre em Condeixa no lado errado da barricada. Lado errado sim, porque o PSD não é o partido dos senhores e dos patrões, o PSD é um partido de centro esquerda que defende a criação de riqueza para que distribuída com justiça através do papel regulador do Estado, promova a melhoria continua da qualidade de vida dos cidadãos.
Conjunturais, porque depois das querelas internas provocadas pela disputa de lugares nas eleições de 2013, elegeu uma comissão política amorfa, sem rasgo nem atividade, que não soube potencializar, antes pelo contrario, a dinâmica oposicionista criada no executivo.
Como uma desgraça nunca vem só, seguiu-se a eleição, por escassas 3 dezenas de votos, tantos quantos os militantes ativos, de uma comissão política personificada na figura de um Presidente, pouco popular, de comportamento estranho e armado em “pequeno principezinho” e como tal com a obsessão única de ser “o candidato”.
Alguém assim só podia rodear-se de gente sem capacidade para se lhe opor, de yes men, que o acompanham em lides futebolísticas, onde a única ideologia é naturalmente “biba o benfica”.
Os que destoavam desta tónica rapidamente se afastaram, com estrondo, se com perfil para isso, ou sorrateiramente, talvez porque achem que é sempre bom estar “de bem” com o poder.
Obviamente que um cenário destes só podia dar no ridículo que deu, lista da câmara centrada na comissão política, listas acabadas à pressa, de recurso, porque alguém não “tinha tempo”, apenas em duas das sete freguesias, uma “campanha” que não passou de uns copos com uns amigos, um compromisso eleitoral, no mínimo risível, apresentado, a pedido, no ultimo dia de campanha, e, com isto tudo, Pedro Passos Coelho, ainda hoje deve estar a pensar, ao olhar os resultados, nas tristes “figuras” porque o fizeram passar.
E depois disto tudo, o “principezinho”, vem agora, com a lata dos desprovidos de vergonha e do mínimo de senso ou lucidez, dizer que cumpriu os objetivos, que os resultados são culpa do passado e dos que não estiveram para aturar a sua incompetência, as suas “birrinhas idiotas” e bateram com a porta.
Diz ainda que veio para ficar, num lugar que, para já, ninguém quer, naturalmente, disputar. Veio para ficar e deixar a marca da mais violenta derrota do PSD em Condeixa, entregando ao PS o poder absoluto em todos os órgãos da autarquia. Com o pequeno príncipe de Condeixa o PSD não conta, não é ouvido e não tem a menor relevância.