A cidade e região de Coimbra precisa de ponderar com muito cuidado as opções que vai tomar em 2017. Nessa perspetiva, defendo que devemos ser muito cuidadosos na forma como vamos selecionar os projetos de gestão autárquica que nos vão ser propostos nas eleições do final do ano. Devemos exigir uma definição clara de prioridades, bem como planos concretos de resolução dos problemas identificados. Devemos ser muito cuidadosos na análise das equipas que nos vão ser propostas, escrutinando o seu passado de realizações e avaliando a sua capacidade para cumprir aquilo que se propõem atingir. Mas cima de tudo, devemos exigir uma calendarização de objetivos e de resultados a atingir, que seja minimamente precisa para que possa ser avaliada. Tudo isto é para mim essencial pelo seu enorme potencial mobilizador. Acompanho nisso este excelente artigo de Paulo Júlio.
Eu acredito numa candidatura a Coimbra que saiba afirmar:
- Que tem capacidade e a liberdade para juntar todos aqueles que podem contribuir para o futuro do concelho: na cultura, na economia, no empreendedorismo, nas empresas, na relação entre a ciência/universidade/politécnico e a economia, na educação, no urbanismo, entre outras áreas relevantes para o futuro do concelho;
- Uma candidatura abrangente, capaz de se abrir a várias áreas políticas e ideológicas, e que saiba bem que há 5% de coisas que separam todas essas pessoas, mas que o importante são os restantes 95% de coisas que os unem, aliados ao imenso amor pelo concelho;
- Que só com essa abertura e capacidade de coordenação é possível chamar os melhores de cada área e mobilizar todos os outros para o caminho que todos teremos de percorrer. Mas também solicitar a colaboração comprometida daqueles que amam Coimbra mas estão fora do concelho, espalhados um pouco por todo o mundo. Precisamos de todos, do seu esforço e do seu compromisso;
- Que esse caminho é muito longo e exige um enorme esforço de hierarquização de prioridades, planeamento, execução, capacidade de influência e capacidade de mobilização de todos aqueles que amam Coimbra e que não se conformam com a sua degradação e progressiva irrelevância;
- Que a cidade precisa de uma dinâmica própria centrada nas suas (nossas) potencialidades, na efetiva coordenação entre instituições e com os olhos postos no mundo;
- Que a Baixa de Coimbra pode muito bem “competir” com as grandes superfícies quando perceber que é, pode ser, uma grande superfície ao ar livre e perceber que tem de conquistar o rio, associando ao comércio atividades de lazer, tempos livres, etc., numa lógica global em que as acessibilidades e o estacionamento são resolvidas. A estratégia para revitalizar a parte comercial e monumental da baixa tem de estar centrada no comercio tradicional, de proximidade, nos serviços, na oferta de restauração (tapas e gastronomia regional), entre outros, num espaço que se estende até ao rio e tem locais de atividade cultural (música, teatro, galerias, etc.), mas também junta atividades paras as famílias, tudo numa lógica vocacionada para criar uma nova centralidade;
- Que a liderança da câmara tem de ser feita em total liberdade, com total independência, pois muitas das decisões a tomar colocarão muitas vezes decerto à prova essa independência e liberdade;
- Com clareza os pilares estratégicos em que deve assentar o futuro da cidade, como líder de uma região e como polo agregador de uma atitude de cooperação intermunicipal que reforce o papel da região de Coimbra e da região centro ao nível nacional;
- Que esses pilares se baseiam na cultura e no concomitante conhecimento, como fatores essenciais de atração de investimento, de atividade cultural e empresarial e de pessoas, incluindo jovens;
- Que esses pilares se baseiam numa estratégia económica e industrial que apoie o empreendedorismo local, mas seja igualmente capaz de atrair investimento produtivo e potenciador de emprego, tirando partido das excelentes mais-valias de que a cidade dispõe. Uma estratégia que tire partido do iParque e dos outros locais de localização empresarial e capaz de atrair empresas de elevado potencial para o meio urbano;
- Que esses pilares se baseiam numa cidade organizada, preparada, arrumada, onde as opções urbanísticas são fator essencial de distinção para abraçar o novo milénio, recebendo e instalando pessoas e empresas, empenhadas em dinamizar a atividade económica e cultural do concelho, fatores essenciais ao futuro da cidade e da região;
- Que esses pilares se baseiam num sistema de educação pública bem cuidado e bem organizado, porque isso é essencial para o apoio à família e um sinal muito claro de preparação e interesse, ainda por cima numa cidade que tem vindo a reivindicar o estatuto de cidade do conhecimento;
- Que esses pilares se baseiam em áreas estratégicas que necessitam de ser alavancadas, coordenadas e articuladas de forma mais eficaz e produtiva, como, entre outras, a saúde e a universidade, mas também a atividade empreendedora e de formação de negócios;
- Que temos problemas de acessibilidades no perímetro urbano, no âmbito das interregiões e de ligação ao mundo que é necessário resolver com urgência: estação de comboio da cidade, metro de superfície da linha da Lousã, ligações aeroportuárias, etc.;
- Que muito do apoio-social em Coimbra, assim como um pouco por esse país fora, é feito por intermédio de IPSS que a câmara deve reconhecer e envolver numa política integrada e racional de apoio-social.
- Que todos são chamados a colaborar e que Coimbra se recusa terminantemente a ser uma mera bandeira de jogos partidários da noite eleitoral.
Acredito numa candidatura a Coimbra que seja suficientemente independente e livre para afirmar tudo isto, com discurso mobilizador, desprovido de arrogância e aberto à colaboração produtiva de todos. Acredito numa candidatura a Coimbra que seja capaz de apresentar uma equipa de mudança para 12 anos.
Trabalharei para ela como cidadão, sem nenhuma preocupação de protagonismo. O que está em causa, o que é decisivo é a cidadania, o foco em projetos realistas e aglutinadores, e o envolvimento pessoal e firme de cada uma de nós no futuro da comunidade.
J. Norberto Pires