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Caro Rui… ou Acudam, que vem aí o lobo…mas, uma vez mais, o lobo não veio!


Caro Rui…

ou

Acudam, que vem aí o lobo…mas, uma vez mais, o lobo não veio!

Estes seriam o título e o sub título que eu escolheria se tivesse uma crónica, paga, no “Correio da Manhã”.

Mas não tenho.

Felizmente.


A linha redatorial do “Correio da Manhã” nunca foi do meu agrado, isto para não dizer que, a maior parte das vezes, é do meu total desagrado. Demasiadas inverdades e, acima de tudo, muita manipulação das verdades. Mas, também, provida de uma vertente muito populista e fatalista que não considero benéfica. Se tivesse que eleger uma tríade que resumisse o “Correio da Manhã” escolheria, sem tergiversações, “Sangue, suor e lágrimas…”

Mas, após este introito, passemos a matéria de facto.

Mãos amigas, diversas, pois como soi dizer-se, “Quem tem amigos não morre na cadeia”, fizeram-me chegar uma crónica que Rui Moreira teria publicado há dias no “Correio da Manhã”. E, como a curiosidade tintila a mente de qualquer um, eu, vulgo mortal, deixei que a minha me estimulasse e fui ler.

Começava a crónica por “Caro Manuel”…tenho que confessar que me passou pela mente a dúvida… “Será que Rui Moreira está com saudades minhas?” Mas, rapidamente a aquietei…a mente, claro. Na realidade era um suposto grito público de Rui Moreira por se sentir vítima de mais uma cabala. Creiam, inclusive, que houve partes do pequeno texto que não entendi. Devem ser “private jokes” não acessíveis a qualquer mortal como eu, simples Manuel. Não entendi a parte do Manuel estar a receber dinheiro por um patrão desconhecido. É que não entendi mesmo…Deve ser algum recado interno. Assim como não entendi, também, a parte de demitir pessoas nomeadas por outros…Deve ser outro recado interno. Só não percebo porque é que supostos recados internos devam ser publicados em jornal, que não seja o “jornal da caserna”, vulgo boletim informativo da Câmara…penso que ainda existirá e que não terá sido substituído por aquele portal pago a peso de ouro àquela empresa com título inglês, idioma cada vez mais em voga na nossa pseudo moderna Câmara da Invicta. Nem creio que o mesmo boletim tenha sido substituído pela página pessoal de Rui Moreira nas Redes Sociais…ainda que já lá tenha lido alguns recados, alguns muito estranhos, como o do “vou ter que ir dar banho ao cão”, em resposta a uma crítica de um munícipe ou o do “Se não vive no Porto, porque se está a pronunciar” em resposta a outro munícipe. Estranho…Diria mais…descabidamente estranho. Mas, não percamos o fio condutor, parafraseando Kant e retomemos o texto de Moreira… Dizia o ex-Presidente da Associação Comercial do Porto que tinha recebido um email anónimo, de um tal Manuel, pejado de críticas e até de calúnias.

Aí sim…o meu lado solidário sentiu-se maculado e cheguei a pensar…

Deixem o homem trabalhar.

Na realidade e para surpresa desagradável de muitos, eu incluído, ainda que com o apoio irrefletido mas bem arrependido de Rui Rio, o homem foi eleito por isso deixem-no tentar mostrar o que vale…com cosmética ou sem.

Se três anos já gastou e ainda não o conseguiu…calma.

Ainda falta um ano!

Até porque é verdade histórica publicamente comprovada que os autarcas, principalmente no último ano do primeiro mandato, são muito e muito produtivos… Abundam as inaugurações, as exposições, os concertos públicos, as condecorações e os foguetórios, por isso, vamos esperar…pelas Rainhas Santas da Modernidade.

Regressemos, pois, ao texto para o Manuel e aos emails do Manuel para o Rui…

Com a curiosidade já bem saída do armário, coisa que nem todos se podem vangloriar preferindo, quantas e quantas vezes, no escuro da noite, tornarem-se vítimas da curiosidade, repito, impelido assumidamente pela curiosidade e fazendo-me valer do tal provérbio que refere a Solidão versus a Amizade, tentei junto dos Amigos, dos verdadeiros que poucos são e não dos politicamente oportunistas que muitos foram e, creio, voltarão a ser, tentei, como dizia, conseguir ter acesso ao tal email do referido Manuel. Obviamente ciente de que o iria conseguir, até pelo facto de Rui Moreira ter referido serem aos milhares os tais emails enviados. Também a parte do Trump confesso que não percebi. Estaria relacionada com a famosa entrevista do “New York Times” a Rui Moreira em que se ficava a saber que a sua fortuna pessoal, à altura, orçava os 10 milhões de euros? Só com os juros e sem incluir as mais valias recebidas pela “sui generis” negociação do caso “Selminho Imobiliária Lda” de certeza que tal montante já recebeu um muito generoso aumento.

Mas regressemos novamente aos emails enviados por uma máquina pseudo avariada igual à de Donald Trump…

Como eu raciocinei, se tantos milhares de emails foram enviados, ainda que por uma máquina avariada eu, que não recebi nenhum, quiçá por já não residir no Porto, teria que conseguir aceder a um!

E tanto tentei que, efetivamente, consegui receber não uma mas várias cópias do referido email.

E, qual não foi o meu espanto, quando após o ler com sofreguidão, fui obrigado a concluir…afinal a montanha pariu uma ratazana.

“Ab initio” fui acometido por uma dúvida…se o referido email não vem assinado, porque realmente não vem, porque terá Rui Moreira, posto um pretenso Manuel, a assiná-lo?

Terá sido uma “blague” de Rui Moreira? Se foi provém de um sentido de humor muito próprio…

Terá sido um aviso ou mesmo uma qualquer ameaça subliminar a um qualquer Manuel do Porto?

E aí senti a indignação a tornar-me refém, tal como terá acontecido a milhares e milhares de portuenses, cujo nome de batismo é Manuel. Eu, como tantos outros milhares de Manueis do Porto não gostamos de ameaças veladas a fazer recordar tempos idos e que jamais regressarão. Nós, os Manueis do Porto, gostamos de “pegar o touro pelos cornos” e não de maneirismos quase burlescos. Mas, relaxei, fiz gestão de emoções, capacidade que muitos não têm e a revolta extinguiu-se.

Fica, como tal, sem esclarecimento o motivo da invenção de um pretenso Manuel como autor do email, pelo que teremos que passar ao dito cujo, não Manuel mas email.

Efetivamente o referido email existe, o que poderia não acontecer, mas de pretensas ameaças, mais não vi do que uma lista de nomes de pessoas com cargos políticos na Câmara do Porto e os diversos “rearranjos políticos” a que o Povo está, já, infelizmente habituado.

Bem…se isto é uma enormíssima cabala contra Rui Moreira…então temos que convir…não sei o que é uma cabala. E quando for mesmo uma cabala, então nem mesmo o mais recente advogado da Câmara lhe poderá valer…Refiro-me ao advogado que era da Selminho e agora contratado em dois contratos sucessivos, estranhamente, como advogado da parte contrária ou seja da CMP…isto para não recuar a tempos mais idos e encontrar um outro laço de proximidade…

Claro está que podemos, sempre e uma vez mais, tentar desculpabilizar o exagero de Rui Moreira relativamente ao pretenso email…

Ou por estar mais frágil afetivamente…

Ou por estar farto de estar no armário do exercício da Política…

Ou por estar mais receoso pela época eleitoral que se avizinha…

Ou por uma qualquer teoria de que a vitimização produz ondas de apoios…

Ou até por estar menos certo em relação ao programa político que já terá executado e a todo o enorme resto que ainda falta executar. Mas é preciso ter calma. Vide o caso do Mercado do Bolhão…só teve direito a taipais no fim do terceiro ano de mandato? Pois só…mas mais vale tarde ou seja 30 anos depois, do que nunca. E ainda são, apenas, taipais.

Ou até por pavor, legítimo, de que Rui Rio volte a candidatar-se baralhando, explosivamente, as probabilidades de vitória de Moreira…

Todavia e mesmo com todas estas tentativas de justificação não entendo o enorme exagero de que Moreira se deixou ser vítima neste pretenso caso do email do Manuel.

Terá sido uma, quiçá legítima, vitimização, em que, muitas vezes, os políticos no exercício de funções se deixam envolver?

Poderá ter sido.

A necessidade de se sentir apoiado e quiçá acarinhado, talvez até carente ou saudoso muitas vezes quarta, como soi dizer-se, o raciocínio dos políticos no exercício de funções.

Que não os líderes, é um facto.

Mas também é sabido que nem todos os políticos sabem ou conseguem ser líderes, mesmo os que assim se consideram.

Os verdadeiros lideres sabem que o exercício do Poder é um ato solitário e para isso estão, por antecendentes e por percurso, convenientemente preparados. Os que foram produzidos, numa repetição total e plena da saga Dr. Jekyll e Mr Hyde, não. Até porque os verdadeiros líderes jamais se vergam, muito menos de forma melosamente servil, à Igreja, ainda que para a foto. Apenas usam um muito discreto menear de cabeça…até porque o Estado Português é laico, por definição.

Os outros, os que são apenas políticos não têm, efetivamente, essa preparação. O que, convenhamos, é pena. Pouparia muitas desilusões aos políticos e acima de tudo aos eleitores, muitos erros políticos, muitas manobras ínvias e, acima de tudo, muitos falsos alarmes.

Assim sendo e para não me alongar, até porque eu escrevo de graça, se tivesse uma crónica que não no “Correio da Manhã”, pelas razões previamente elencadas, intitulá-la-ia…

“Caro Rui ou Acudam que vem aí o lobo… mas, uma vez mais, o lobo não veio…”

Manuel Damas

 

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