A minha honestidade ao escrever este texto obriga-me a dizer que conheço o Nuno Garoupa e tenho por ele amizade e uma enorme estima pessoal, profissional e académica.
Ontem tive conhecimento que o Nuno Garoupa tinha pedido a demissão da presidência da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) para regressar à vida académica na Universidade do Texas.
O Nuno tinha imprimido um novo ritmo e uma qualidade de trabalho à FFMS que passou a fazer da Instituição uma referência na área da Educação, da Ciência e do Conhecimento. Num outro âmbito o Nuno Garoupa revelou-se na televisão, na rádio, nos jornais e nas redes sociais um analista único da actualidade do País em que consegue juntar visão estratégica, inteligência, rigor e independência. É hoje uma voz ouvida e respeitada pelos portugueses.
Mas ninguém pense que a posição e o respeito que conquistou junto dos portugueses se devem ao facto de ter sido presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Não são os “ lugares “ que fazem as pessoas, mas sim as pessoas que fazem “ os lugares “.
Talvez muitos não conheçam o percurso do Nuno Garoupa, mas tem um percurso notável e notado.
Licenciou-se em Economia na Universidade Nova de Lisboa em 1992. Obteve o mestrado em Economia no Queen Mary College em 1994 e em Direito na Universidade de Londres em 2005. Fez o doutoramento em Economia na Universidade de York em 1998 e a agregação em Microeconomia na Universidade Nova de Lisboa em 2002.
É professor de Direito na Universidade de Texas A&M, onde regressará novamente no início do próximo ano lectivo, e na Católica Global Law School. Foi professor na Universidade de Illinois ente 2007 e 2015, na Universidade Nova de Lisboa, entre 2001 e 2007 e na Universidade Pompeu Fabra de Barcelona entre 1998 e 2001.
A sua área de investigação é o Direito e a Economia. O Nuno é autor de mais de cem artigos publicados nas melhores revistas académicas da especialidade. Foi Prémio Júlian Marías 2010 atribuído pela Comunidade de Madrid e autor do Ensaio “O Governo da Justiça” publicado em 2011 e co-autor com Tom Ginsburg da obra “ Judicial Reputation: A Comparative Theory “, publicada em 2015 pela University of Chicago Press.
Um país que deixa fugir talentos, como o Nuno Garoupa, dificilmente conseguirá ser um País com Futuro. Portugal tem que criar condições de atractividade para conseguir fixar os seus melhores.
Com a saída do Nuno Garoupa perde a Fundação Francisco Manuel dos Santos, mas perde sobretudo o nosso País.
Gostas muito do nosso País, por isso, sei que vais continuar, mesmo à distância, a dar o teu contributo para um Portugal melhor, muito melhor!
Até já, Nuno. Continuamo-nos a ver por aqui!