O António Tavares é um militante do PSD com suficientes pergaminhos de antiguidade e com obra pública suficiente para se poder pronunciar com qualidade não só sobre a vida interna do seu partido, sobre a cidade do Porto e também sobre a situação política nacional, o que faz com coragem, inteligência e sensibilidade na recente entrevista (15.05.2016) que concedeu ao Jornal de Notícias.
Sendo genuinamente social-democrata, Presidente do Clube Via Norte, co-fundador da Plataforma uma Agenda para Portugal e Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, cedo percebeu que o rumo dado por Passos Coelho e a sua gente – quer no governo quer nos principais órgãos nacionais e distritais do PSD – ao País teria efeitos catastróficos quer na economia nacional quer na coesão da sociedade portuguesa. O António Tavares, por vocação cívica e dever de função, foi confrontado com o crescimento da pobreza em Portugal e com a erosão rapidíssima da classe-média portuguesa, fenómenos catalisados pelas más políticas e pelos péssimos políticos do PSD liderado por Passos Coelho e desde de cedo se demarcou, claramente, deste neoliberalismo de pacotilha e sempre se mostrou extremamente crítico pela ausência de actividade política da Distrital social-democrata do Porto, preocupada apenas com xadrez dos lugares políticos quer ao nível do Terreiro do Paço quer ao nível da média e da alta administração pública e numa indecente subserviência ao líder, que com a sua teimosia amarrou todo o partido a posições, muitas delas, contrárias ao superior interesse nacional e quase erradicou a social-democracia do próprio PSD.
Essa ausência de política “a sério” por parte da Distrital do Porto, que sempre mereceu a crítica de António Tavares, feita frontalmente e em vários palcos, concede-lhe os “galões” suficientes para exigir que o PSD do Porto tenha uma candidatura forte e prestigiada à Câmara Municipal do Porto, que desmascare o “bluff” político e social que tem caracterizado a política de Rui Moreira, completamente refém do Partido Socialista e que apenas tem fingido que governa a cidade com polémica estéreis e mediáticas, bem ao gosto das gentis e queridas velhinhas apreciadoras de um bom bridge, mas que nada significam para as gentes do Porto que com o seu imenso trabalho, suor e lágrimas fazem “mexer a cidade.
António Tavares tem toda a razão em afirmar que o Porto precisa de uma Câmara Municipal preocupada em resolver os problemas concretos das pessoas, com a promoção da inclusão social e com a mobilidade e não com o que publicam as páginas dos tabloides e as revistas cor-de-rosa e com a transformação da urbe num mega-parque de hotéis, hostels e bares destinados a um turismo mera e perigosamente assente em políticas comerciais de companhias de aviação low-cost.
Para António Tavares, o Porto, é sobretudo uma cidade, que deve ser, antes de tudo o mais, pensada e gerida em favor dos munícipes portuenses, muito especialmente dos mais desfavorecidos e que tenha condições políticas e seja geradora de respeito suficiente para efectivamente poder ser capital da Região Norte e não permanente motivo de chacota motivada pelas sistemáticas bravatas que o poder portuense instituído, de forma sistemática e ridícula, vai brindando o País.
Esta sua recente entrevista ao JN é uma clara confirmação que António Tavares, apesar de honrar o seu compromisso com a Santa Casa de Misericórdia do Porto, não estará disposto a ficar quieto e calado perante este estado de marasmo macambúzio do PSD de Passos Coelho, em velório prolongado, e que é um “Homem Bom do Porto” a ter em conta, não só pela cidade como pelo seu partido.