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A continuação de um pesadelo

Pesadelo

Quando me convidaram para escrever nesta plataforma e me enquadraram no projeto e diversidade de autores, não hesitei em participar. Fi-lo porque acredito que é na divergência que se afirmam convicções e é na dupla tentativa/erro que se descobrem formas de evoluir de forma sustentada e estruturada.

No entanto, nunca como hoje tive tanta dificuldade em encontrar esses exemplos na nossa sociedade política e politiqueira. É por isso que partilho aqui um artigo recentemente escrito para um órgão de comunicação social da minha região.

Os socialistas estão perdidos desde há anos e não têm projeto algum para Portugal. Infelizmente a alternativa preconizada pela direita não foi melhor, nem colocou o país numa dinâmica de rutura com um passado de décadas carregadas de erros estratégicos. Por essa razão, o povo não deu uma clara maioria à direita que permitisse seguir o rumo desnorteado de austerocracia e evitasse este inevitável colapso da esquerda unida.

Portugal é hoje (tal como há 10, 15 e 20 anos) um país sem futuro. É também o país da ignorância cívica e política que convive impávido e sereno com um enorme défice de valores políticos.

Não acredito que a solução de futuro esteja em qualquer um dos atuais protagonistas políticos. Acredito nos que trabalham todos os dias e garantem que este país se aguente à tona, ainda que sem qualquer rumo e projeto de futuro. E esses são todos os que pagam impostos, particulares ou empresas, e geram o rendimento de que depende o país. Convém sublinhar que a maioria desse rendimento é desperdiçado em aberrações públicas, desde há décadas, e que, por essa razão, atualmente o orçamento não chega para nada. Curiosamente, chega sempre para garantir o pagamento dos juros da dívida soberana que sustenta o país e remunera especuladores, também desde há décadas.

A missão partidária é hoje uma enorme falácia pelo que de mau esconde no interior das estruturas partidárias. A missão de serviço público de grande parte dos nossos eleitos depende da agenda desses mesmos partidos, estatizados algures entre a brigada soarista e a orquestra cavaquista.

Hoje não temos futuro mas amanhã quem sabe. Acredito que um dia vamos acordar deste pesadelo.

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