Nada de anormal observei até que, já em plena Circunvalação, liguei o rádio e fui surpreendido por uma música fora do normal… logo ouvi um comunicado das forças armadas a informar sobre o golpe de estado que estava em curso.
Senti um misto de alegria e esperança mas, ao mesmo tempo, de receio e dúvida pois não conhecia a tendência politica dos militares que estavam em campo.
Cheguei ao Banco e já lá estavam quase todos os colegas e eles, como eu, surpreendidos e sedentos de notícias mais sólidas.
Abrimos o Banco como normalmente o fazíamos mas poucos minutos passados recebemos um telefonema da Sede em Lisboa a mandar fechar a Agência e regressarmos a nossas casas até que os noticiários da TV informassem o que deveríamos fazer no dia seguinte.
Soubemos aí que o General Spinola estava por trás do Golpe e isso sossegou-me. Não era de extrema direita.
Regressei a Leça, a minha mulher também já estava em casa pois as aulas tinham sido suspensas e a minha filha também já tinha vindo da escola.
Passamos o resto do dia juntos à TV e à rádio trocando impressões com amigos que iam aparecendo ou mesmo pelo telefone.
Ouvimos Zeca Afonso, iamos aumentando a nossa alegria quando nos fomos apercebendo de que era um golpe a favor da democracia e da liberdade.
Um dia inesquecível…
Ao fim de 31 anos ia, finalmente, ser livre …
A minha homenagem aos militares de Abril…